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ENTREVISTA


Carlos Urroz. Fotografia: Rodrigo Carrizo Couto.

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CARLOS URROZ


Carlos Urroz, novo director da ARCO, implementa mudanças no formato da feira de Madrid e pretende satisfazer melhor as galerias participantes, direccionando todas as actividades e secções do evento para a realização de vendas e estabelecimento de contactos entre os profissionais do meio artístico. Os mercados e as galerias emergentes, europeias e da América Latina, serão também uma realidade em foco nesta edição comemorativa do 30ª aniversário da ARCO. Estas ideias e muitas outras estão expressas nesta entrevista que publicamos via Art Gallery Guide de Madrid.

Carlos Urroz foi, entre 1994 e 1997, director-adjunto de Rosina Gómez-Baeza, antecessora de Lourdes Fernández à frente da feira de Madrid. Até 2005, foi colaborador da galeria Helga de Alvear. Até ter sido nomeado director da ARCOmadrid, Urroz desenvolveu actividades de gestor cultural, com um projecto próprio – Urroz Proyectos – criado em 2005, ligado à organização e comuniçação de eventos culturais; e foi, desde 2007, assessor de Artes Plásticas da Vereação de Cultura e Turismo da Comunidade de Madrid.



P: Este 
ano cumpre-se o 30º aniversário da ARCO. Como é que o vão celebrar a data e de que modo encara o facto de ser o primeiro homem a dirigir a feira?

R: A próxima edição da ARCOmadrid será uma grande celebração destes trinta anos de
caminho percorrido. Está previsto um programa especial de actividades que inclui uma exposição
retrospectiva de fotografias da feira, comissariada por Andrés Mengs. 
Também haverá iniciativas especiais relacionadas com o aniversário e um ciclo especial para
coleccionadores, dirigido por Rosa Martínez. Cada pessoa imprime a sua personalidade aos projectos que desenvolve, sobretudo, quando se está perante um desafio tão apaixonante como aquele que enfrento. Para mim o que tem valor é a pessoa que está detrás de um projecto, independentemente 
de ser homem ou mulher. E a ARCOmadrid sempre teve equipas lutadoras que acreditavam e acreditam no que fazem.


P: Fala-se de mudanças para esta edição. Em que aspectos notaremos as novidades?

R: Será uma feira mais pequena e vamos aproveitar todos os espaços. Queremos que o público fique totalmente centrado nas galerias, que são as autênticas protagonistas da feira. Será uma
feira mais cómoda para visitar, não haverá alcatifa e será favorecido o intercâmbio entre galeristas,
coleccionadores, público e artistas. Ainda assim, fizemos um esforço especial para contar com
mais galerias latino-americanas, uma das marcas identitárias da feira.


P: Que novos projectos serão apresentados nesta edição?

R: Para além do 30º aniversário, a ARCOmadrid seguirá apostando na qualidade das galerias, com
menos programas comissariados e uma aposta mais forte na América Latina e nas galerias europeias emergentes. Nesta edição a secção Solo Project: Focus América Latina contribuirá para que estos laços
históricos continuem a ser consolidados e para que os coleccionadores possam de novo aproximar-se da melhor criação emergente da América Latina, sem que se dê destaque especial a um só país. Por outro lado, a selecção
de Opening: Jovens Galerias Europeias, será uma proposta que trata de desenhar um mapa à
escala da criação emergente europeia actual. Outra das novidades da próxima ARCOmadrid
serão os encontros profissionais, em que um especialista do sector reunirá outros, 15 a 20
pessoas para que, à porta fechada, troquem opiniões e projectos e, por sua vez, interajam com as
galerias presentes. As novas propostas da ARCOmadrid estão centradas nas galerias e foram concebidas
 para favorecer o intercâmbio entre todos os participantes.


P: Na edição anterior, na secção de “país convidado†esteve em destaque a cidade de Los Angeles.
Este ano muda o conceito e convida-se um país: a Rússia. Que diferença existe entre os dois formatos?

R: Hoje em dia, no mundo globalizado, não faz sentido falar de fronteiras, o que importa é o lugar.
Na edição passada foi a cidade de Los Angeles e este ano será a Rússia. Com este convite, a feira
reforça a sua aposta nos mercados emergentes, que tem um enorme potencial, como é o caso do russo, um mercado
com uma longa história de criação artística que experimentou um grande crescimento desde a
dissolução da União Soviética.
A selecção realizada pela comissária Daria Pyrkina para a ARCO mostrará a diversidade 
geracional presente na cena artística do país. Com a Rússia como país convidado, ARCOmadrid centra a sua atenção no aspecto da emergência, neste caso, em relação a um país europeu com um grande potencial artístico, com galerias e
 instituições interessantes.


P: Nesta edição reduz-se o tamanho da feira. Em que é que isso afectará o número de galerias participantes?

R: Este ano há menos galerias, de acordo com uma tendência que se vinha desenhando nas últimas edições. Reduzimos os programas comissariados porque a intenção é que o público se concentre nas
galerias, que como referi, são as autênticas protagonistas da feira. ARCOmadrid é uma feira de galerias.


P: Do que é que depende o número de galerias participantes na ARCOmadrid?


R: O Comité de Selecção está encarregado de eleger as galerias participantes, em função da sua qualidade e solidez da sua trajectória. Não há um número pré-estabelecido de galerias, anterior a esta selecção, só depois de aprovada a lista final é que se faz a repartição do espaço dos pavilhões.


P: Que percentagem de galerias nacionais e estrangeiras considera dever existir na ARCO?

R: Não se trata de percentagens, o barómetro da qualidade é o valor que o Comité de Selecção privilegia acima de tudo. As galerias nacionais e internacionais passam pelo mesmo processo de selecção.


P: Que lugar ocupa actualmente a ARCO no panorama artístico internacional?

R: A ARCO está situada entre as mais relevantes do circuito internacional, ao nível da Frieze, Art Basel
ou FIAC. Perante este panorama, a ARCOmadrid mantém claras as suas marcas de identidade, as mesmas que depois de trinta anos continuam a ser atractivas para o público e para as galerias participantes.


P: Que medidas vão desenvolver para promover a ARCO no estrangeiro?


R: Nos últimos anos intensificámos a promoção da ARCOmadrid fora de Espanha, com a realização de várias
apresentações e conferências de imprensa em cidades como Paris, Moscovo ou São Paulo.
Para além disso, estamos a trabalhar num programa conjunto com a Promomadrid, para difundir a imagem da
capital como centro artístico e cultural, em que a Feira joga um papel chave.


P: Que percentagem de compradores e coleccionadores estrangeiros se verifica na ARCO? Como se
poderá aumentar o seu número?

R: É difícil apresentar uma percentagem concreta, ainda assim temos constatado que a presença de coleccionadores
internacionais é cada vez maior, sobretudo se compararmos com os primeiros anos da Feira em que os compradores
eram fundamentalmente locais. Fez-se um grande esforço para potenciar o programa de convidados
e trazer a Madrid importantes coleccionadores de todo o mundo. Cada galeria partilha contactos de
coleccionadores que são os seus compradores habituais, e estes são convidados a vir à Feira, contribuindo muito para dinamizar os contactos e as vendas no certame.


P: No que é que consiste o programa de convidados da ARCO e a quem de dirige?

R: O programa de coleccionadores internacionais constitui um dos grandes motores da Feira.
A ARCOmadrid convidará um grupo de 150 coleccionadores internacionais, compradores no activo, cuja
presença garante e contribui para o volume de negócio das galerias participantes. Juntamente com o apoio de
sólidos e reconhecidos compradores, o certame reforça a sua aposta nos coleccionadores latentes
e amantes da arte pondo em marcha o projecto First Collectors. Esta iniciativa – liderada por
Elisa Hernando, directora da Consultora Arte Global – oferecerá um serviço de assessoria de investimento
em arte a pessoas que não tem o hábito de adquirir peças artísticas. Este programa
será complementado com a presença de museus e instituições como a Maison Rouge de Paris ou a
Associação de Coleccionadores de Portugal, entre outros. As comissões de compras destas entidades
visitarão a feira com o objectivo de incorporar novas peças às suas colecções institucionais.


P: Pode considerar-se a Feira ARCO como a ponte entre a América Latina e a Europa?

R: Tradicionalmente foi assim e, pelos laços culturais que nos unem ao continente latino americano,
é natural que seja assim. Esta dinâmica era muito forte nas primeiras décadas da Feira,
mas agora a globalização multiplicou os mercados e a mobilidade tanto de artistas como de
galeristas. As novas tecnologias e a diversificação do mercado mudaram neste sentido os esquemas, tornando-os muito menos rígidos em relação ao que eram anteriormente.


P: Em relação à crise, de que maneira pode ela afectar esta edição?

R: Os analistas especializados no mercado de arte começam a referir que, neste sector em particular,
a crise está a começar a abrandar. Os leilões vão recuperando os valores positivos e são estabelecidos novos recordes de cotização para alguns artistas. Neste sentido, a expectativa em relação a esta edição é positiva, mas sempre mantendo a cautela. Estamos a trabalhar, concentrando os nossos esforços para que a ARCOmadrid registe boas vendas. Faremos o possível para o conseguir.



P: Por último, o que diria ao público sobre a visita à ARCO?
P: Que desfrutem da feira, que planifiquem a visita e que, se tiverem pouco tempo, não a queiram abarcar
na totalidade. É preferível visitar um pavilhão a fundo e desfrutar, do que visitar todos os stands e
não ver nada com tempo.


Original em:
www.guiadegalerias.com