Links

PERSPETIVA ATUAL


Thomas Demand. Exposição “The Golden Standard”, P.S.1, Nova Iorque


Exposição "Music is a Better Noise", P.S.1, Nova Iorque


Mathew Barney, Exposição "Defamation of Character", P.S.1, Nova Iorque


"Watch The K Foundation Burn a Million Quid", P.S.1, Nova Iorque


"Watch The K Foundation Burn a Million Quid", P.S.1, Nova Iorque


Exposição "Looking Back", White Columns, Nova Iorque


Exposição "Looking Back", White Columns, Nova Iorque


Exposição "Looking Back", White Columns, Nova Iorque


Slater Bradley. Exposição "The Abandonments", Team Gallery, Nova Iorque


Slater Bradley. Exposição "The Abandonments", Team Gallery, Nova Iorque


Bridget Riley


Bridget Riley

Outros artigos:

2024-04-13


FÁTIMA LOPES CARDOSO


2024-03-04


PEDRO CABRAL SANTO


2024-01-27


NUNO LOURENÇO


2023-12-24


MAFALDA TEIXEIRA


2023-11-21


MARC LENOT


2023-10-16


MARC LENOT


2023-09-10


INÊS FERREIRA-NORMAN


2023-08-09


DENISE MATTAR


2023-07-05


CONSTANÇA BABO


2023-06-05


MIGUEL PINTO


2023-04-28


JOÃO BORGES DA CUNHA


2023-03-22


VERONICA CORDEIRO


2023-02-20


SALOMÉ CASTRO


2023-01-12


SARA MAGNO


2022-12-04


PAULA PINTO


2022-11-03


MARC LENOT


2022-09-30


PAULA PINTO


2022-08-31


JOÃO BORGES DA CUNHA


2022-07-31


MADALENA FOLGADO


2022-06-30


INÊS FERREIRA-NORMAN


2022-05-31


MADALENA FOLGADO


2022-04-30


JOANA MENDONÇA


2022-03-27


JEANNE MERCIER


2022-02-26


PEDRO CABRAL SANTO


2022-01-30


PEDRO CABRAL SANTO


2021-12-29


PEDRO CABRAL SANTO


2021-11-22


MANUELA HARGREAVES


2021-10-28


CARLA CARBONE


2021-09-27


PEDRO CABRAL SANTO


2021-08-11


RITA ANUAR


2021-07-04


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-05-30


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-04-28


CONSTANÇA BABO


2021-03-17


VICTOR PINTO DA FONSECA


2021-02-08


MARC LENOT


2021-01-01


MANUELA HARGREAVES


2020-12-01


CARLA CARBONE


2020-10-21


BRUNO MARQUES


2020-09-16


FÁTIMA LOPES CARDOSO


2020-08-14


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-07-21


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-25


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-09


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-05-21


MANUELA HARGREAVES


2020-05-01


MANUELA HARGREAVES


2020-04-04


SUSANA GRAÇA E CARLOS PIMENTA


2020-03-02


PEDRO PORTUGAL


2020-01-21


NUNO LOURENÇO


2019-12-11


VICTOR PINTO DA FONSECA


2019-11-09


SÉRGIO PARREIRA


2019-10-09


LUÍS RAPOSO


2019-09-03


SÉRGIO PARREIRA


2019-07-30


JULIA FLAMINGO


2019-06-22


INÊS FERREIRA-NORMAN


2019-05-09


INÊS M. FERREIRA-NORMAN


2019-04-03


DONNY CORREIA


2019-02-15


JOANA CONSIGLIERI


2018-12-22


LAURA CASTRO


2018-11-22


NICOLÁS NARVÁEZ ALQUINTA


2018-10-13


MIRIAN TAVARES


2018-09-11


JULIA FLAMINGO


2018-07-25


RUI MATOSO


2018-06-25


MARIA DE FÁTIMA LAMBERT


2018-05-25


MARIA VLACHOU


2018-04-18


BRUNO CARACOL


2018-03-08


VICTOR PINTO DA FONSECA


2018-01-26


ANA BALONA DE OLIVEIRA


2017-12-18


CONSTANÇA BABO


2017-11-12


HELENA OSÓRIO


2017-10-09


PAULA PINTO


2017-09-05


PAULA PINTO


2017-07-26


NATÁLIA VILARINHO


2017-07-17


ANA RITO


2017-07-11


PEDRO POUSADA


2017-06-30


PEDRO POUSADA


2017-05-31


CONSTANÇA BABO


2017-04-26


MARC LENOT


2017-03-28


ALEXANDRA BALONA


2017-02-10


CONSTANÇA BABO


2017-01-06


CONSTANÇA BABO


2016-12-13


CONSTANÇA BABO


2016-11-08


ADRIANO MIXINGE


2016-10-20


ALBERTO MORENO


2016-10-07


ALBERTO MORENO


2016-08-29


NATÁLIA VILARINHO


2016-06-28


VICTOR PINTO DA FONSECA


2016-05-25


DIOGO DA CRUZ


2016-04-16


NAMALIMBA COELHO


2016-03-17


FILIPE AFONSO


2016-02-15


ANA BARROSO


2016-01-08


TAL R EM CONVERSA COM FABRICE HERGOTT


2015-11-28


MARTA RODRIGUES


2015-10-17


ANA BARROSO


2015-09-17


ALBERTO MORENO


2015-07-21


JOANA BRAGA, JOANA PESTANA E INÊS VEIGA


2015-06-20


PATRÍCIA PRIOR


2015-05-19


JOÃO CARLOS DE ALMEIDA E SILVA


2015-04-13


Natália Vilarinho


2015-03-17


Liz Vahia


2015-02-09


Lara Torres


2015-01-07


JOSÉ RAPOSO


2014-12-09


Sara Castelo Branco


2014-11-11


Natália Vilarinho


2014-10-07


Clara Gomes


2014-08-21


Paula Pinto


2014-07-15


Juliana de Moraes Monteiro


2014-06-13


Catarina Cabral


2014-05-14


Alexandra Balona


2014-04-17


Ana Barroso


2014-03-18


Filipa Coimbra


2014-01-30


JOSÉ MANUEL BÁRTOLO


2013-12-09


SOFIA NUNES


2013-10-18


ISADORA H. PITELLA


2013-09-24


SANDRA VIEIRA JÜRGENS


2013-08-12


ISADORA H. PITELLA


2013-06-27


SOFIA NUNES


2013-06-04


MARIA JOÃO GUERREIRO


2013-05-13


ROSANA SANCIN


2013-04-02


MILENA FÉRNANDEZ


2013-03-12


FERNANDO BRUNO


2013-02-09


ARTECAPITAL


2013-01-02


ZARA SOARES


2012-12-10


ISABEL NOGUEIRA


2012-11-05


ANA SENA


2012-10-08


ZARA SOARES


2012-09-21


ZARA SOARES


2012-09-10


JOÃO LAIA


2012-08-31


ARTECAPITAL


2012-08-24


ARTECAPITAL


2012-08-06


JOÃO LAIA


2012-07-16


ROSANA SANCIN


2012-06-25


VIRGINIA TORRENTE


2012-06-14


A ART BASEL


2012-06-05


dOCUMENTA (13)


2012-04-26


PATRÍCIA ROSAS


2012-03-18


SABRINA MOURA


2012-02-02


ROSANA SANCIN


2012-01-02


PATRÍCIA TRINDADE


2011-11-02


PATRÍCIA ROSAS


2011-10-18


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-09-23


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-07-28


PATRÍCIA ROSAS


2011-06-21


SÍLVIA GUERRA


2011-05-02


CARLOS ALCOBIA


2011-04-13


SÓNIA BORGES


2011-03-21


ARTECAPITAL


2011-03-16


ARTECAPITAL


2011-02-18


MANUEL BORJA-VILLEL


2011-02-01


ARTECAPITAL


2011-01-12


ATLAS - COMO LEVAR O MUNDO ÀS COSTAS?


2010-12-21


BRUNO LEITÃO


2010-11-29


SÍLVIA GUERRA


2010-10-26


SÍLVIA GUERRA


2010-09-30


ANDRÉ NOGUEIRA


2010-09-22


EL CULTURAL


2010-07-28


ROSANA SANCIN


2010-06-20


ART 41 BASEL


2010-05-11


ROSANA SANCIN


2010-04-15


FABIO CYPRIANO - Folha de S.Paulo


2010-03-19


ALEXANDRA BELEZA MOREIRA


2010-03-01


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-02-17


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-01-26


SUSANA MOUZINHO


2009-12-16


ROSANA SANCIN


2009-11-10


PEDRO NEVES MARQUES


2009-10-20


SÍLVIA GUERRA


2009-10-05


PEDRO NEVES MARQUES


2009-09-21


MARTA MESTRE


2009-09-13


LUÍSA SANTOS


2009-08-22


TERESA CASTRO


2009-07-24


PEDRO DOS REIS


2009-06-15


SÍLVIA GUERRA


2009-06-11


SANDRA LOURENÇO


2009-06-10


SÍLVIA GUERRA


2009-05-28


LUÍSA SANTOS


2009-05-04


SÍLVIA GUERRA


2009-04-13


JOSÉ MANUEL BÁRTOLO


2009-03-23


PEDRO DOS REIS


2009-03-03


EMANUEL CAMEIRA


2009-02-13


SÍLVIA GUERRA


2009-01-26


ANA CARDOSO


2009-01-13


ISABEL NOGUEIRA


2008-12-16


MARTA LANÇA


2008-11-25


SÍLVIA GUERRA


2008-11-08


PEDRO DOS REIS


2008-11-01


ANA CARDOSO


2008-10-27


SÍLVIA GUERRA


2008-10-18


SÍLVIA GUERRA


2008-09-30


ARTECAPITAL


2008-09-15


ARTECAPITAL


2008-08-31


ARTECAPITAL


2008-08-11


INÊS MOREIRA


2008-07-25


ANA CARDOSO


2008-07-07


SANDRA LOURENÇO


2008-06-25


IVO MESQUITA


2008-06-09


SÍLVIA GUERRA


2008-06-05


SÍLVIA GUERRA


2008-05-14


FILIPA RAMOS


2008-05-04


PEDRO DOS REIS


2008-04-09


ANA CARDOSO


2008-04-03


ANA CARDOSO


2008-03-12


NUNO LOURENÇO


2008-02-25


ANA CARDOSO


2008-02-12


MIGUEL CAISSOTTI


2008-02-04


DANIELA LABRA


2008-01-07


SÍLVIA GUERRA


2007-12-17


ANA CARDOSO


2007-12-02


NUNO LOURENÇO


2007-11-18


ANA CARDOSO


2007-11-17


SÍLVIA GUERRA


2007-11-14


LÍGIA AFONSO


2007-11-08


SÍLVIA GUERRA


2007-11-02


AIDA CASTRO


2007-10-25


SÍLVIA GUERRA


2007-10-20


SÍLVIA GUERRA


2007-10-01


TERESA CASTRO


2007-09-20


LÍGIA AFONSO


2007-08-30


JOANA BÉRTHOLO


2007-08-21


LÍGIA AFONSO


2007-08-06


CRISTINA CAMPOS


2007-07-15


JOANA LUCAS


2007-07-02


ANTÓNIO PRETO


2007-06-21


ANA CARDOSO


2007-06-12


TERESA CASTRO


2007-06-06


ALICE GEIRINHAS / ISABEL RIBEIRO


2007-05-22


ANA CARDOSO


2007-05-12


AIDA CASTRO


2007-04-24


SÍLVIA GUERRA


2007-04-13


ANA CARDOSO


2007-03-26


INÊS MOREIRA


2007-03-07


ANA CARDOSO


2007-03-01


FILIPA RAMOS


2007-02-21


SANDRA VIEIRA JURGENS


2007-01-28


TERESA CASTRO


2007-01-16


SÍLVIA GUERRA


2006-12-15


CRISTINA CAMPOS


2006-12-04


SÍLVIA GUERRA


2006-11-28


SÍLVIA GUERRA


2006-11-13


ARTECAPITAL


2006-11-07


ANA CARDOSO


2006-10-30


SÍLVIA GUERRA


2006-10-29


SÍLVIA GUERRA


2006-10-27


SÍLVIA GUERRA


2006-10-11


ANA CARDOSO


2006-09-25


TERESA CASTRO


2006-09-03


ANTÓNIO PRETO


2006-08-17


JOSÉ BÁRTOLO


2006-07-24


ANTÓNIO PRETO


2006-07-06


MIGUEL CAISSOTTI


2006-06-14


ALICE GEIRINHAS


2006-06-07


JOSÉ ROSEIRA


2006-05-24


INÊS MOREIRA


2006-05-10


AIDA E. DE CASTRO


2006-04-05


SANDRA VIEIRA JURGENS



P.S.1, WHITE COLUMNS, TEAM GALLERY & JOAN JONAS LECTURE@DIA



ANA CARDOSO

2006-12-07




To curate is art + art is to curate

O que têm em comum as quatro apresentações artísticas?
Alguns pontos tocam-se. Apesar de, aparentemente, nenhum coincidir: O P.S.1 inaugura a actual temporada com o espectáculo da projecção de um vídeo da K Foundation – “Watch The K Foundation Burn a Million Quid”, uma retrospectiva de John Latham, “Music is a Better Sound”, e “The Gold Standard”;
A White Columns inaugura a exposição “Looking Back”, que poderia parecer uma thesis show, em que as peças acabam por ilustrar a ideia do que é estar numa exposição colectiva;
A Team Gallery mostra seis vídeos de Slater Bradley, em que todas as relações neles e entre eles são soltas, quebradas e interligadas numa espécie de mostruário intermitente de estilos pessoais e referências pop;
O DIA convida Joan Jonas para dar uma palestra sobre Bridget Riley, pintora op, que acaba por ser uma performance sobre Riley.

O ponto comum é o afastamento magnético do observador que, como participante, ganha um entendimento diferente da pedagogia enciclopédica – encontra uma tendência curatorial refractária, subliminar, intelectual, cool, documental, que se excede em referências; entre a montagem Dada e a montagem conceptual.
O curto-circuito não é sensacional, é filosófico. Godard não é mencionado porque não é preciso, mas a edição é dele.

Actualmente no P.S.1, a exposição “The Gold Standard”, comissariada por Bob Nikas, pretende contextualizar a ideia, a importância simbólica, e o poder do fascinante metal, dando-nos imagens actuais e variadas através de peças cuja cor é o dourado, de artistas como Warhol, Hirschhorn, Armleder, Lawler, Fleury, Tillmans, Prince, Pfeiffer, Kusama, Levine, Geof Oppenheimer, Haim Steinbach, Thomas Demand, Seth Price, Kelley Walker ou Alfredo Jaar.
Nikas, curatorial advisor do P.S.1, já tinha organizado a exposição “An Ongoing Low-Grade Mystery”, onde o tema era o vermelho, para a galeria Paula Cooper, em Maio. A diferença é a passagem da retina para o conceito – na actual exposição – com os artistas a questionarem claramente a autenticidade, o espectáculo e as relações sociais.
Em 1971, Nixon suspendeu o gold standard, deixando o dólar de ser convertível em ouro, e inaugurou assim a época das moedas flutuantes, equiparável ao conceito do significado flutuante em semiótica. A ilustração de um sapato dourado de Warhol data de 1952, no pós-guerra, em que o valor real do ouro começou a ser re-interpretado e relegado para um outro plano. Daí ao vídeo da caça ao ouro no Brasil, de Alfredo Jaar, como liturgia anacrónica (“Introduction to a Distant World”, de 1985), ou nas duas fotografias de “Gold Marylin” de Warhol por Louise Lawler (“Does Andy Warhol Make you Cry?” e “Does Marylin Monroe Make you Cry?” de 1988), bem como no colar gigante e dourado, com a insígnia CNN, de Thomas Hirschhorn (“Necklace CNN” de 2002), ou numa fotografia de barras de ouro falsas de Thomas Demand (“Bullion” de 2003), há o espaço das décadas em que o ouro permaneceu como eterno símbolo de poder.

“Music is a Better Noise” junta músicos que fazem arte e artistas que fazem música, como parte essencial do seu processo criativo. O título da exposição é retirado de uma música de 79 de Essential Logic, uma banda britânica pós-punk, liderada por Lora Logic.
A primeira parte, comissariada por Nick Stillman, pretende mostrar a produção nova-iorquina das décadas de 70 e 80, através de artistas como Barbara Ess, Rammellzee e Alan Vega. A segunda parte, comissariada por Bob Nickas, centra-se nas décadas de 80 e 90 e mostra o trabalho de Kai Althoff, Richard Aldrich, Devendra Banhart, Kim Gordon, Bjorn Copeland, Mark Leckey, Rodney Graham, Christian Marclay, Jutta Koether, Don van Vliet, Meredyth Sparks, Tim Kerr, Chuck Nanney, Thurston Moore, Delia Gonzalez e Gavin Russom.
Nesta exposição há pinturas, colagens, misturas psicadélicas, ícones pop, referências musicais, glitter, capas de álbuns, fotografias, som e vídeos que reflectem a estética dos seus autores e a sua posição mais ou menos afastada da cultura pop, nada mainstream e sobretudo autoreferencial.

John Latham (1921-2006) é um artista inglês, conceptual-formal, pouco comercial e marginal, extremamente importante para a compreensão da actualidade. Podiamos situá-lo no triângulo entre Einstein, Rauschenberg e Wittgenstein. Latham incorporou na sua prática performance, instalação, escultura, filme, livros e conceitos. Contemplava uma teoria unificada da existência, combinava arte, ciência e filosofia.
“John Latham: Time Base and the Universe” fala dos problemas de conseguir coerência entre os diversos campos do conhecimento humano – com o exemplo da escrita de Joyce, que anula o campo da lógica – ou a ideia de ponto vazio do universo, encontrado e desacreditado pelo próprio Einstein. Latham, autor de RIO (Reflective Intuitive Organism), um painel de 17 peças realizado em 83, fala do nada como estando em todo o lado e em sítio nenhum, um ponto adimensional. O exemplo máximo para Latham é Joyce, que traduziu o nada para uma estrutura de eventos. Resultado que ele encontra na tela branca de Rauschenberg, apesar de caso pontual, exemplo de acção mínima. As peças de Latham são livros, cortados e colados em telas, em instalações de vidro, com vários outros materiais pelo meio, muita tinta vermelha, bocados de ferro e desenhos impressos de diagramas filosóficos.

Mas absolutamente fora do formato foi a apresentação, no dia da inauguração, do vídeo em que os membros da K Foundation queimam 1 bilião de libras em Jura – uma ilha escocesa – em Agosto de 1994.
“Defamation of Character”, é uma exposição sobre a era pós-punk – que se pode definir pela pluralidade de estilos, transgressão, origens Pop, Dada e Situacionista, e que explora questões como a fama e a notoriedade, minando a cultura pop, para artistas como Prince, Kilimnick, Wool, Burden, Oiticica, Motti, Matta-Clark, os irmãos Chapman ou Mathew Barney, entre outros.
O vídeo “Watch The K Foundation Burn a Million Quid” faz parte desta exposição comissariada por Neville Wakefield, e foi apresentado num ecrã gigante ao ar livre, no fim da inauguração, já de noite. Ninguém conseguia perceber bem o que faziam, numa imagem de má qualidade. Começámos a ver uns vultos a queimar notas. Notas com a cara da rainha de Inglaterra a cair numa fogueira… O vídeo acabou subitamente, ficou o som. K Foundation queima 1 bilião que levou num barco para uma casa numa ilha da Escócia. O dinheiro era o lucro da venda do êxito em Inglaterra do single “K Cera Cera” (1993), que foi inicialmente distribuído somente em Israel e na Palestina e cuja publicidade era nunca vir a ser distribuído “até a paz mundial ser estabelecida”.
A K Foundation (Jimmy Cauty e Bill Drummond) também é responsável pelo Anti-Turner Prize (1993) – para o pior artista britânico – que entregaram a Rachel Whiteread (no mesmo ano em que a artista recebeu o Turner Prize), no valor de 40 mil libras, que a artista não aceitou mas depois recebeu e entregou a instituições de caridade, quando a K Foundation ameaçou queimar a totalidade do dinheiro.

O P.S.1 pretende catalizar ideias e novos discursos contemporâneos, juntar todas as práticas artísticas possíveis e programar eventos que sejam provocadores numa dinâmica de investigação contemporânea, através de debates, publicações e exposições cutting-edge. O P.S.1 quer ter um papel cultural fundamental, ao apostar em artistas emergentes, nos new media e na formação do espírito experimental.

A White Columns inaugura “White Columns Annual” com “Looking Back”, comissariada por Mathew Higgs, o seu director. Interessa lembrar que Higgs se vê tambêm como artista.
A exposição passará a ser anual e deseja ser o olhar subjectivo sobre o que foi visto em Nova Iorque no ano que passou. Parte do princípio de que tudo o que está à vista em Nova Iorque não é passível de ser visto, logo precisa de ser revisto, avaliado. É uma colectiva sem temática, que flutua ao sabor do acaso por onde passou o seu comissário – e do que ele lembra e quer ver, num conjunto que espelha as suas deambulações nova-iorquinas. Ou nas peças que, para ele e apesar de invisíveis, são o espelho complexo da cidade. A exposição de Higgs cria uma espécie de narrativa hermética entre as peças, e explora a sua discontinuidade. Algumas das peças da exposição foram vistas por Higgs apenas em visitas de estúdio, outras tinham sido expostas em galerias ou outros espaços, o que torna mais interessante a narrativa que as une, porque todas são potencialmente invisíveis – ou não, consoante o olhar do comissário. Os artistas presentes nesta exposição são: Fia Backstrom, Thomas Bayrle, Walead Beshty, Jeff Burton, Lucile Desamory, Graham Durward, Klara Linden, Siobhan Liddell, Ari Marcopoulos, Ree Morton, David Moreno, Matt Mullican, Stuart Sherman, Josef Strau. Para o comissário, há a necessidade de provocar uma sensação de déjà vu, reflexiva e optimista, onde se exploram relações insuspeitadas que, de outra forma, ficariam por estabelecer.

É de forma um pouco semelhante que se estabelece a relação entre os seis vídeos de Slater Bradley, em exposição na Team Gallery (projecto de Jose Freire). A exposição intitula-se “The Abandonments” e foi produzida ao longo de três anos. Em cinco dos vídeos, Slater usa Benjamin Brock, o seu duplo, com quem trabalha há sete anos. O duplo assume a figura do artista como astronauta, no vídeo em que ele passeia pelo Museu de História Natural, à noite. A música é também uma clara referência a Kubrick.
Os vídeos misturam referências culturais pop e outras mais intelectuais, onde a decifração não é o objectivo pretendido. Nos diferentes vídeos Michael Jackson, a preto e branco, brinca na neve; uma teenager, filmada em super 8, deixa um beijo com baton no túmulo de Oscar Wilde; um dandy do início do século 20 dança sapateado ao som de “Singing in the Rain”, em Staten Island, com uma núvem que chove apenas em cima dele; um grupo vestido de personagens da Guerra das Estrelas passeia-se pela normalidade de um aeroporto. Os vídeos têm cortes inesperados, utilizam material HD e super-8, efeitos de som, música clássica e pop, com a mistura do som toda realizada em off, a intensificar o jogo da imagem entre realidade e ficção e a manipular eficazmente as emoções – a lembrar “A Clockwork Orange”. Há um claro efeito de distanciamento e a citação de vários géneros, desde o musical de Hollywood ao cinema mudo, vídeos de música pop, Murnau, Kubrick e a subversão de Godard, sendo que a variação e exploração de estilos e citações é específica e reduzida em cada peça, e a relação entre elas interessante pela diferença. Os vídeos de Bradley ficam entre o diário, o mostruário, o documentário e a brincadeira experimental, onde a qualidade da construção, solta, e as relações abstractas constituem um vasto número de incursões pela capacidade de citação e self-consciousness do artista.

O que me leva a recordar aqui a palestra de Joan Jonas sobre Bridget Riley, a que assisti, no DIA (Chelsea, parte da série de palestras de artistas sobre artistas, 13 de Novembro às 19h), foi a sua capacidade interpretativa e a relação inesperada entre as duas artistas que, aparentemente, nada tinham em comum até então. O que me levou à palestra foi querer ouvir Jonas falar de Riley, o que acabou por ser uma performance, com múltiplas camadas de informação, que deu ao público uma relação dos factores que, naquele momento, fizeram convergir duas artistas. Uma palestra é sempre uma performance? Enquanto Jonas desenhava círculos contínuos num caderno, às escuras, ouvíamos a sua voz, previamente gravada, a ler depoimentos de Riley quanto às suas descobertas (“pearly turquoise of due doom”), a relacionar Riley com elementos de desenhos de esquizofrénicos, com os trabalhos de Emma Kunz e Hilma Klint, com a importância do olhar impressionista por ser o mais avançado, com a música de Morton Feldman, com as questões sobre o vazio da forma ou com “the shadow of a question mark”, com considerações pessoais, com a referência de Mondrian que enquadra os pormenores de um sistema – entre divagações soltas e a projecção de imagens igualmente variadas, onde constavam algumas pinturas de Riley.
Jonas é a artista multimédia por excelência, numa deambulação entre fragmentos em constante relação, entre a arqueologia, a história e o concreto das possibilidades tecnológicas. O que une as duas artistas, ou o interesse de Jonas por Riley, é a evocação e a sua constante subversão, o que resulta na interrogação ou na defesa dos mecanismos criativos.