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Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia


Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia

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A quantidade de material textual e gráfico que é produzido a propósito da Bienal de Veneza é inqualificável, acompanhando a incongruência da retórica preocupada com a crise climática e a insistência na criação e promoção de grandes eventos que perpetuam as mesmas pegadas deixadas. Grande parte deste material impresso é facilmente descartável, seja este folhas de sala, obras de texto ou mesmo catálogos completamente acessórios ao evento ou exposição. Salvam-se excepções, naturalmente, mas parece-me ausente a assumpção de responsabilidade e da compreensão do que é e do que pode ser toda a criação e cuidado com materiais paraexpositivos.

Não é o caso de Yuki Mohri, a propósito da sua representação do Japão na 60ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza com a exposição Compose.

Apesar de também uma singela folha A4 nos ser entregue com alguma informação sobre a exposição, a artista e a curadora, é um postal com um desenho dourado que se salva da grande quantidade de desperdício que resulta da enorme quantidade de eventos e exposições acontecidas nesta Bienal.

Este postal é uma verdadeira obra a ser guardada. Se no verso se identifica o local, a data e os nomes relevantes, a frente permite-nos ficar com um belíssimo registo desta exposição. Um esquisso gravado a dourado sobre fundo branco, onde constam vários dos elementos da exposição, num desenho que se toma enquanto pensamento e não enquanto representação. Em linhas singelas se vê a ligação entre a matéria orgânica e os propósitos de criação de sistemas de funcionamento dos dois grupos de instalações apresentadas na exposição assim como das forças que permitem a criação de energia e o seu funcionamento momentaneamente autónomo.

Aparte esta nota de agrado, que tornará esta exposição revisitável através da obra souvenir que pertence agora ao meu arquivo e acervo, várias outras notas de distinção poderiam acompanhar este comentário, uma vez indubitavelmente os gestos de cuidado e pensamento ecológico atravessam a prática desta artista. Tornam-se, em si, gestos artísticos e não apenas bandeiras erguidas ao sabor das modas e como reacção à actualização do pensamento crítico sobre o funcionamento do mundo.

Yuro Mohri utiliza apenas objectos ordinários da vida quotidiana e de situações comuns da vivência da mesma, recombinados de forma a simular situações já vistas, presenciadas ou vividas, que se canalizam para a surpresa e reinvenção do mundo.

Em Veneza fez uso da água, de frutas e vegetais, mobiliário encontrado em lojas de segunda mão, assim como outros tantos objectos domésticos, maioritariamente contentores - baldes, bacias, regadores. De forma a ultrapassar o enorme dispêndio de recursos que acontece para deleite das classes cultas e delícia dos que se encontram inevitavelmente acima da linha do privilégio (considere-se QUEM poderá de facto visitar esta Bienal), não transportou para Veneza obras já realizadas, mas afecções que foram reencenadas neste lugar. Este gesto faz com que as obras em si se tornem imateriais. São afecções adaptadas ao lugar onde são apresentadas; obras que em si reúnem realidades distantes, evidenciado o comum de determinadas vidas apesar das suas distâncias geográficas.

Yuro politiza a poesia da vida quotidiana com uma irrepreensível capacidade escultórica de construção por adição, por medição de pesos, medidas, velocidades e vectores de energia.

 

Pavilhão do Japão, 60º Bienal de Veneza, 2024. © Matteo de Mayda / Cortesia La Biennale di Venezia

 

 

Moré Moré parte da afecção pelas esculturas involuntárias criadas no metro de Tokyo, por parte da equipa de funcionários da manutenção, para controlar os efeitos e danos criados pelas infiltrações de água. Esta disposição de objectos de modo imprevisto, recursos próximos que resolvem precariamente as consequências do problema de base, resulta em instalações improváveis e periclitantes que Yuko replica no contexto expositivo, fazendo uso dos mesmos materiais, de semelhantes contentores ou recolectores de água, que criam um circuito entre si.

Ao mesmo tempo que a água circula, acontece no outro grupo de instalações, Decomposition, um concerto-performance de electrónica experimental activado por matéria orgânica. Uma bricolage científica e doméstica que tanto se situa entre a instalação para o tiktok como a mais alta exploração do media de instalação. Diz-se tal sem qualquer desconsideração, mas antes com o agrado de ver o quanto estas peças dialogam interdisciplinarmente e intergeracionalmente; a sua capacidade de sedução é ambivalente.

Várias naturezas mortas são compostas sobre móveis domésticos, aparadores, mesas de cabeceira, e através da captação da energia gerada pelo tempo abatido sobre matéria orgânica - a energia da decomposição e da morte inevitável - são modulados sinais eléctricos, que acendem luzes e despoletam sons. O “doce cheiro da decadência”, como é descrito pela curadora, Sook-Kyung Lee, acompanha esta obra e é também este modelado entre a aceitação do fim e pela renovação das naturezas mortas compostas sobre o mobiliário. O doce e a decadência acontecem por vagas.

O composto gerado - o excedente de matéria - serve então para alimentar o jardim em que o pavilhão do Japão se encontra.

De notar apenas, como nota de visitante curiosa e autónoma, que, embora se compreenda a fragilidade destas peças face à afluência e circulação de pessoas, e se imagine que muitos poderiam ser os acidentes decorridos, a coreografia da exposição fica aquém da sua enorme potencialidade conceptual e formal: é-nos interdito o acesso. É-nos impedido espreitar mais perto estes fenómenos de aproveitamento de energia vital, mantendo o visitante numa estrita coreografia não participante. Somos afastados da experiência dos mesmos acontecimentos da vida quotidiana, e compreendemos que estamos no art world que privilegia o valor e desprivilegia o impacto do fascínio, que nos poderia tomar o mundo.

 

 

 


Catarina Real
(1992, Barcelos) Trabalha na intersecção entre a prática artística e a investigação teórica no campos expandidos da pintura, escrita e coreografia, maioritariamente em projectos colaborativos de longa duração, que se debruçam sobre o questionamento de como podemos viver melhor colectivamente. É doutoranda do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho com uma investigação que cruza arte, amor e capital. Encontra-se em desenvolvimento da Terapia da Cor, prática aplicada entre teoria da cor, arte postal e intuição coreográfica. Mantém uma prática de comentário - nas vertentes de textos de reflexão, textos introdutórios a exposições, entrevistas e moderação de conversas - às obras e processos realizados pelos artistas na sua faixa geracional, com a intenção de contribuir para um ambiente salutar de crítica e criação colectiva e comunitária.
Foi artista residente na Residency Unlimited, Nova York, com apoio do Atelier-Museu Júlio Pomar/EGEAC.

 

 


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YUKO MOHRI
COMPOSE
Pavilhão do Japão
Bienal de Veneza
20/04 > 24/11