Links

ENTREVISTA


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


Quadríptico da Coleção CAP. Casa Armanda Passos. © Filipe Braga


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


Carvão em destaque da Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice. Casa Armanda Passos. © Filipe Braga


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


© Jorge Carmona / Antena 2


Álvaro Siza a desenhar o mastro na Casa Armanda Passos. Fotografia de arquivo.

Outras entrevistas:

AIDA CASTRO E MARIA MIRE



TITA MARAVILHA



FERNANDO SANTOS



INÊS TELES



LUÍS ALVES DE MATOS E PEDRO SOUSA



PAULO LISBOA



CATARINA LEITÃO



JOSÉ BRAGANÇA DE MIRANDA



FÁTIMA RODRIGO



JENS RISCH



ISABEL CORDOVIL



FRANCISCA ALMEIDA E VERA MENEZES



RÄ DI MARTINO



NATXO CHECA



TERESA AREGA



UMBRAL — ooOoOoooOoOooOo



ANA RITO



TALES FREY



FÁTIMA MOTA



INÊS MENDES LEAL



LUÍS CASTRO



LUÍSA FERREIRA



JOÃO PIMENTA GOMES



PEDRO SENNA NUNES



SUZY BILA



INEZ TEIXEIRA



ABDIAS NASCIMENTO E O MUSEU DE ARTE NEGRA



CRISTIANO MANGOVO



HELENA FALCÃO CARNEIRO



DIOGO LANÇA BRANCO



FERNANDO AGUIAR



JOANA RIBEIRO



O STAND



CRISTINA ATAÍDE



DANIEL V. MELIM _ Parte II



DANIEL V. MELIM _ Parte I



RITA FERREIRA



CLÁUDIA MADEIRA



PEDRO BARREIRO



DORI NIGRO



ANTÓNIO OLAIO



MANOEL BARBOSA



MARIANA BRANDÃO



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO E SANDRA VIEIRA JÜRGENS



INÊS BRITES



JOÃO LEONARDO



LUÍS CASTANHEIRA LOUREIRO



MAFALDA MIRANDA JACINTO



PROJECTO PARALAXE: LUÍSA ABREU, CAROLINA GRILO SANTOS, DIANA GEIROTO GONÇALVES



PATRÍCIA LINO



JOANA APARÍCIO TEJO



RAÚL MIRANDA



RACHEL KORMAN



MÓNICA ÁLVAREZ CAREAGA



FERNANDA BRENNER



JOÃO GABRIEL



RUI HORTA PEREIRA



JOHN AKOMFRAH



NUNO CERA



NUNO CENTENO



MEIKE HARTELUST



LUÍSA JACINTO



VERA CORTÊS



ANTÓNIO BARROS



MIGUEL GARCIA



VASCO ARAÚJO



CARLOS ANTUNES



XANA



PEDRO NEVES MARQUES



MAX HOOPER SCHNEIDER



BEATRIZ ALBUQUERQUE



VIRGINIA TORRENTE, JACOBO CASTELLANO E NOÉ SENDAS



PENELOPE CURTIS



EUGÉNIA MUSSA E CRISTIANA TEJO



RUI CHAFES



PAULO RIBEIRO



KERRY JAMES MARSHALL



CÍNTIA GIL



NOÉ SENDAS



FELIX MULA



ALEX KATZ



PEDRO TUDELA



SANDRO RESENDE



ANA JOTTA



ROSELEE GOLDBERG



MARTA MESTRE



NICOLAS BOURRIAUD



SOLANGE FARKAS



JOÃO FERREIRA



POGO TEATRO



JOSÉ BARRIAS



JORGE MOLDER



RUI POÇAS



JACK HALBERSTAM



JORGE GASPAR e ANA MARIN



GIULIANA BRUNO



IRINA POPOVA



CAMILLE MORINEAU



MIGUEL WANDSCHNEIDER



ÂNGELA M. FERREIRA



BRIAN GRIFFIN



DELFIM SARDO



ÂNGELA FERREIRA



PEDRO CABRAL SANTO



CARLA OLIVEIRA



NUNO FARIA



EUGENIO LOPEZ



JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA



ISABEL CARLOS



TEIXEIRA COELHO



PEDRO COSTA



AUGUSTO CANEDO - BIENAL DE CERVEIRA



LUCAS CIMINO, GALERISTA



NEVILLE D’ALMEIDA



MICHAEL PETRY - Diretor do MOCA London



PAULO HERKENHOFF



CHUS MARTÍNEZ



MASSIMILIANO GIONI



MÁRIO TEIXEIRA DA SILVA ::: MÓDULO - CENTRO DIFUSOR DE ARTE



ANTON VIDOKLE



TOBI MAIER



ELIZABETH DE PORTZAMPARC



DOCLISBOA’ 12



PEDRO LAPA



CUAUHTÉMOC MEDINA



ANNA RAMOS (RÀDIO WEB MACBA)



CATARINA MARTINS



NICOLAS GALLEY



GABRIELA VAZ-PINHEIRO



BARTOMEU MARÍ



MARTINE ROBIN - Château de Servières



BABETTE MANGOLTE
Entrevista de Luciana Fina



RUI PRATA - Encontros da Imagem



BETTINA FUNCKE, editora de 100 NOTES – 100 THOUGHTS / dOCUMENTA (13)



JOSÉ ROCA - 8ª Bienal do Mercosul



LUÍS SILVA - Kunsthalle Lissabon



GERARDO MOSQUERA - PHotoEspaña



GIULIETTA SPERANZA



RUTH ADDISON



BÁRBARA COUTINHO



CARLOS URROZ



SUSANA GOMES DA SILVA



CAROLYN CHRISTOV-BAKARGIEV



HELENA BARRANHA



MARTA GILI



MOACIR DOS ANJOS



HELENA DE FREITAS



JOSÉ MAIA



CHRISTINE BUCI-GLUCKSMANN



ALOÑA INTXAURRANDIETA



TIAGO HESPANHA



TINY DOMINGOS



DAVID SANTOS



EDUARDO GARCÍA NIETO



VALERIE KABOV



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO



PAULO REIS



GERARDO MOSQUERA



EUGENE TAN



PAULO CUNHA E SILVA



NICOLAS BOURRIAUD



JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES DIAS



PEDRO GADANHO



GABRIEL ABRANTES



HU FANG



IVO MESQUITA



ANTHONY HUBERMAN



MAGDA DANYSZ



SÉRGIO MAH



ANDREW HOWARD



ALEXANDRE POMAR



CATHERINE MILLET



JOÃO PINHARANDA



LISETTE LAGNADO



NATASA PETRESIN



PABLO LEÓN DE LA BARRA



ESRA SARIGEDIK



FERNANDO ALVIM



ANNETTE MESSAGER



RAQUEL HENRIQUES DA SILVA



JEAN-FRANÇOIS CHOUGNET



MARC-OLIVIER WAHLER



JORGE DIAS



GEORG SCHÖLLHAMMER



JOÃO RIBAS



LUÍS SERPA



JOSÉ AMARAL LOPES



LUÍS SÁRAGGA LEAL



ANTOINE DE GALBERT



JORGE MOLDER



MANUEL J. BORJA-VILLEL



MIGUEL VON HAFE PÉREZ



JOÃO RENDEIRO



MARGARIDA VEIGA




FABÍOLA PASSOS


27/05/2024

 


Ao longo de duas semanas, e até ao dia 2 de junho, a ‘Casa Armanda Passos’ localizada na Foz do Porto, estará aberta ao público pela primeira vez para apresentar 45 óleos e carvões inéditos dos anos 80, provenientes de coleções públicas e privadas, que podem ser admirados de quarta-feira a domingo das 14h30 às 19h30. As visitas guiadas decorrem ao fim-de-semana, de hora em hora, das 15 às 18 horas.

O percurso de Armanda Passos (1944-2021) – pintora portuense de criação, vida e alma – anuncia por si só a missão de um ser maior, visionário, que pinta o que está para além da visão humana, quiçá em forma de espécie de seres titânicos dum mundo paralelo. Armanda fez tudo o que devia ter feito e como tinha de o fazer porque a sua obra diz o mundo de si e dos outros na sua metamorfose, máscaras, identidades e contemplação. Jamais temia a verdade doesse a quem doesse. E esta breve retrospectiva descortina uma ínfima parte dessa verdade.

À frente da ‘Casa Armanda Passos’ projetada pelo arquitecto Álvaro Siza, amigo da artista, a filha da pintora Fabíola Passos Valença (ou Fabíola Passos como assina desde o desaparecimento da mãe) – investigadora, conservadora e curadora do legado – abriu pela primeira vez a casa-atelier ao público para assinalar os 80 do nascimento da grande pintora Armanda Passos, sua mãe, “mais alta do que a casa” (nas palavras de Álvaro Siza) – o templo – e não completamente divulgada na sua amplitude e dimensão.

Também artista plástica, doutorada pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Fabíola Passos fala-nos sobre este novo e amplo projeto de investigação / procura / atualização do arquivo para formato digital da obra artística emblemática e única que visa a descoberta, a revelação e o entendimento do trabalho intenso de Armanda Passos. Agora, não apenas para uma elite de intelectuais que rodeavam Armanda, mas para um público mais alargado que a admira e acrescenta outros sentidos e emoções à sua vasta obra em número, em força, em essência ou em significação, e em grande parte dispersa. Porque a artista era absolutamente desprendida, doava o seu trabalho e apoiava os seres animais que tanto desenha e pinta.

Não obstante ter organizado nos últimos anos de vida várias exposições temáticas – mormente na Reitoria da Universidade do Porto ou no Tribunal da Relação do Porto, entre outros – Armanda Passos (sempre de mãos dadas a Fabíola) viveu para si e para os seus num mundo quase inacessível, muito especial e clarividente, deixando-nos ainda mais perplexos com a sua criação.

Armanda Passos deu poucas entrevistas a quem quis e como pretendeu dar; revelou mais em privado do que em público a sua obra e cerne, como a própria preferiu; doou-a também generosa e amplamente a quem desejou; expôs como e onde idealizou, nunca traindo a sua liberdade. Armanda Passos, o templo maior que a sua própria catedral assinada por Siza, como um Michelangelo na Sistina que num toque dá vida à figuração humana e animal (na tela, não a barro). O poder. Sem nome e título, como a maioria das suas obras.

As impressionantes obras em carvão, como aquela pertencente à Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice, “a obra em maior escala em carvão” (150 x 330 cm): “Foi uma das encontradas", refere Fabíola Passos.


 

Por Helena Osório

 

 

>>>

 

 

Helena Osório: Pela primeira vez a ‘Casa Armanda Passos’ abre as portas ao público para uma exposição da pintora. Era este o desejo de Armanda, converter o espaço projetado por Siza que funcionava também como atelier, numa casa-museu com exposições temporárias e permanentes ou temáticas da sua obra?

Fabíola Passos: A Casa abre ao público com o propósito maior de assinalar os 80 anos da pintora e associar a esta celebração uma seleção de obras criadas nos anos 80, provenientes de coleções de todo o país, públicas e privadas.
Se era este o desejo de minha Mãe? Não, nunca foi. Desde logo porque, durante as duas décadas que habitou a Casa, nunca realizou exposições do seu trabalho com abertura ao público. Está registado numa publicação de 2006: “Se me pergunta se [esta casa] representa o que desejava fazer neste planeta, dir-lhe-ei que não. O que eu quero é pintar. (…) Ela [Fabíola] tem a função para a casa. (…) Eu não estarei cá, mas na casa vão crescer os guerreiros da nossa espécie.”

 

Armanda Passos com o Goji, o ca?o que adoeceu e faleceu com a mesma doenc?a da pintora, a observarem uma gaivota. Fotografia de arquivo.

 


HO: Depois da exposição dos dinâmicos anos 80, em Lisboa, marcando de alguma forma o desaparecimento da pintora fundamental para a História da Arte Portuguesa, esta que inaugura a casa-atelier comemorando os 80 anos do seu nascimento tráz ao Porto as mesmas obras emblemáticas ou outra curadoria?

FP: A exposição póstuma em Lisboa, realizada há dois anos, não foi exclusivamente relativa à década de 1980, mas incluiu também as décadas de 1990 e 2000.
Esta, sim, é uma nova curadoria exclusiva dos anos 80, com obras que foram encontradas na busca que tenho vindo a realizar, muitas delas cujos atuais proprietários me eram desconhecidos e acederam com gosto em partilhar com o público a sua peça na exposição comemorativa.
Consegui trazer também algumas dos anos 80 que foram expostas na retrospectiva na Fundação Champalimaud em Lisboa.


HO: Quantas obras estão expostas e qual o critério de apresentação?

FP: Mais de quatro dezenas de obras. O critério de montagem de exposição foi o que eu aprendi, desde pequena, ao ver a minha Mãe a montar as suas exposições.


HO: Armanda Passos era muito culta e visionária, com uma sensibilidade e posicionamento imensamente à frente do seu tempo, mas também muito empreendedora e ‘terra-a-terra’, nem sempre compreendida na sua essência refletida na obra.
A ideia de dar esta perspectiva da mulher-artista, mulher-humana preocupada com os animais e ambiente, e mãe, foi uma preocupação da Fabíola enquanto curadora da exposição, artista plástica também e filha da pintora com uma cumplicidade rara?

FP: Estes temas sempre estiveram presentes na obra de minha Mãe.
Hoje em dia já é algo normal encontrar preocupações semelhantes, mas na altura não se falava nestes assuntos e eram o foco de atenção na obra de minha Mãe, desde os anos 70.
Tanto as preocupações da presença da figuração da mulher e do animal como eixo da pintura, diria até, emblema, é uma das marcas mais autorais da pintora.


HO: Tudo compensa o esforço a todos os níveis de organização desta e doutras exposições temporárias já planeadas, com períodos temporais tão curtos?

FP: Completamente. São apenas duas semanas para um esforço de mais um ano de trabalho. Mas o privilégio de ver as telas expostas, ao meu redor, é como se os seres criados pela minha Mãe de há 40 anos viessem indagar…
A obra de Armanda Passos é uma “Obra Aberta” que nos interpela, porque a artista permite que a sua obra exista sem nome, sem data, e sem história, como uma brecha. E o privilégio de receber as telas no espaço onde a sua autora trabalhou é para as próprias telas um encontro na Casa-Mãe. E um encontro entre esses seres.
Por último, cumprindo-se a vocação da partilha da arte em campo mais alargado, é uma oportunidade única para os visitantes sentirem a energia da autora no Porto.


HO: A periodicidade das mostras resulta, e tornam-se estas depois itinerantes?

FP: Excelente questão.
Resulta porque os colecionadores começam a aderir com naturalidade ao convite da sua peça se tornar parte integrante de uma exposição, percebendo que é do interesse comum atualizar a localização das obras para serem fotografadas de novo e com qualidade digital, porque os slides da época em arquivo não apresentam a resolução exigida para os catálogos atuais. E principalmente conseguir desfrutar, em exposições, as décadas retrospectivas.
Quanto à itinerância, esta Casa tem uma área de exposição excelente diria que foi concebida para tudo aqui acontecer.


HO: Quantas exposições prevê organizar neste ano comemorativo na ‘Casa Armanda Passos’ (como a própria pintora designava) e onde mais?

FP: Começo por dizer que foi o arquitecto que atribuiu o nome ‘Casa Armanda Passos’ quando concluiu a obra.
Para este ano, mais nenhuma está prevista. Foram organizadas a 17 de fevereiro, dia em que nasceu a minha Mãe, exposições com uma única obra. A CCDR-Norte, a Torre dos Clérigos, a União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde convidaram obras de diferentes museus para a sua fruição na cidade do Porto, ainda se encontram em exposição; e a Fundação da Casa de Mateus, Fundação Manuel António da Mota, Fundação Museu de Serralves, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Direito e Fundação José Saramago assinalaram a data com obras pertencentes à sua Coleção, expondo-as nas suas redes sociais.
Esta é a única exposição que organizei para este ano assinar os 80 anos do aniversário do nascimento de Armanda Passos. Quanto a futuras exposições, está em conceção uma próxima retrospectiva da década de 1970.


HO: Quando e onde se irão repetir, caso haja itinerância?

FP: A ‘Casa Armanda Passos’ será seguramente o local para estudar e expor as décadas, as fases, as técnicas por onde a artista procurou a comunicação.


HO: Os anos 80 estão também relacionados com os 80 anos da data de nascimento da pintora, como aliás o título sugere?

FP: Escolhi os anos 80 para assinalar os 80 anos porque são os anos em que eu era uma criança e não via a minha Mãe como pintora… Mas agora, com tudo que tenho estado a observar na sua Obra, as cartas que me deixou, um livro escrito pelo seu punho, sinto-me ainda mais pequena perante Armanda Passos.


HO: Qual foi o critério de seleção das obras neste caso. O espaço condicionou a seleção / mostra? Como e porquê?

FP: Condicionou. Tivesse eu mais paredes, a exposição seria maior. Esta retrospectiva anos 80 é tão-somente uma seleção.


HO: Para a Fabíola como filha e simultaneamente admiradora da mãe, este empenho é uma forma de manter sempre acesa a memória de si para os outros?

FP: Não. A minha preocupação é atualizar o arquivo de Armanda Passos.


HO: Vai dedicar-se inteiramente a esta causa ou igualmente à sua própria obra artística, uma vez que esta casa é sua de raiz e foi inaugurada com os seus Zoides?!

FP: Já dediquei muito tempo à minha procura. Ocupei as paredes desta casa durante muitos anos e devia ter sido com o trabalho de minha Mãe. Só agora percebi.

 

A?lvaro Siza a desenhar a parede no interior da 'Casa Armanda Passos'. Fotografia de arquivo.

 


HO: O arquitecto Álvaro Siza como bom amigo da mãe e da família, que projetou a ‘Casa Armanda Passos’, a par e passo com a Armanda e com a Fabíola, opina na curadoria destas exposições póstumas?

FP: A minha Mãe era amiga do arquitecto e sempre a ouvi dizer que a Arquitectura é frágil. Não se deve acrescentar nada sem consultar o autor. Por isso, para esta exposição, como precisei de incluir uma parede para pendurar um friso de telas, fui buscar o arquitecto e fotografei o momento a desenhar na ‘Casa Armanda Passos’, pela primeira vez sem o diálogo com a minha Mãe.
Depois, trouxe o arquitecto para desenhar um mastro para a tela dos '80 anos Armanda Passos'.
E com isto termino. O arquitecto escolheu o local da implantação do mastro e começou a desenhar. O mastro ultrapassava a altura da casa. Perguntei: “Arquitecto Siza, quer um mastro tão alto, mais alto do que a casa?" Respondeu: “A tua Mãe é mais alta do que a casa”.

 

 

:::

 


Helena Osório
Nascida em Benguela, Angola, é jornalista cultural, editora e escritora doutorada em Estudos sobre a História da Arte e da Música pela Universidade de Santiago de Compostela, com reconhecimento da Universidade do Porto; mestre e pós-graduada em Artes Decorativas pela Universidade Católica Portuguesa. Investigadora no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (i2ADS / FBAUP).