Links

OPINIÃO


Malevich, Black Square, 1915


Kasimir Malevich, Quadrado branco sobre fundo branco, 1918

Outros artigos:

HELENA OSÓRIO

2024-09-20
XXIII BIAC: OS ARTISTAS PREMIADOS, AS OBRAS MAIS POLÉMICAS E OUTRAS REVELAÇÕES

MADALENA FOLGADO

2024-08-17
RÉMIGES CANSADAS OU A CORDA-CORDIS

CATARINA REAL

2024-07-17
PAVILHÃO DO ZIMBABUÉ NA BIENAL DE VENEZA

FREDERICO VICENTE

2024-05-28
MARINA TABASSUM: MODOS E MEIOS PARA UMA PRÁTICA CONSEQUENTE

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

PAULA PINTO

2020-07-19
BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-11-28
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 3 de 4)

FILIPE PINTO

2013-10-25
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 2 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

FILIPE PINTO

2010-03-08
PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: Aproximações contemporâneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)



MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12





II. O fim de uma narrativa histórica



Of course art will go on being made.
There will be art after the end of art.

Arthur Danto



A tradição de olhar e pensar a Arte de um modo historicista dominou, até à actualidade, os discursos estéticos, sendo através de uma história de arte o modo como, na generalidade, abordamos uma obra, um artista, ou um movimento ou tendência artísticos. Esta clássica abordagem reflecte a unidade, coerência e continuidade associadas à Arte tal como esta tem sido concebida: uma ars una alicerçada na ilusão de que a expressão humana pode ser traduzida numa voz só [1]. Multiplicidade e incoerência dominam a criação artística, na sua era pós-histórica, pois que a arte não é mais dotada da objectividade que permitiu, em tempos, uma visão historicista sobre ela. Hegel sabia-o, e assim declarou a morte da Arte. O que entendemos hoje por arte não é já passível de conter em sim definições ou delimitações, pois que cada indivíduo é único na manifestação sensível que enforma através da obra de arte. A pluralidade torna-se gritante e a Arte exige uma reestruturação que respeite a sua ausência de estrutura.

A Arte está já desprovida das características que lhe permitiam dar-se à História enquanto objecto de estudo e análise. Assistimos pois a uma ruptura que assinala a transição da análise historicista para a análise hermenêutica: a morte da História de Arte e o nascimento de uma hermenêutica da Arte; o fim da Arte e o início da obra de arte; o cessar de um pensamento globalizante e o salto para uma análise da subjectividade que cada obra, na sua individualidade, encerra [2]. A redoma do sagrado, na qual a Arte estava inserida, quebra-se, e o profano passa a ser também parte dela, numa mescla que já não se concilia para contar uma história unívoca. Nada voltará a ser absoluto na Arte, esta oscila em permanência entre as mais elevadas e espirituais indagações e as mais míseras e mundanas questões da existência. Como inserir a face divina e a face profana, que coexistem em toda a subjectividade, no mesmo quadro? A era da unilateralidade do altar chega ao fim, pois que agora, para uma compreensão do que a arte se tornou, é-nos exigido entrar num espaço que se assemelha à sala de espelhos de uma feira popular: nada é mais o que parece, e as perspectivas multiplicam-se ad infinitum. A alegada unicidade que caracterizava a arte e o carácter fragmentário da arte moderna tornam-se indubitavelmente inconciliáveis. Cada obra de arte é agora fragmento livre e único que circula, emanando subjectividade: o todo estilhaçou, perdendo-se a origem de cada uma das partes que anteriormente o constituía, e cada uma delas representa agora um fragmento próprio e autónomo, que dita a sua própria verdade [3].

Uma crise da representação, há muito anunciada, abala todas as bases estéticas, obrigando-nos a reconstruir o edifício teórico da Arte. Obedecemos às imagens em vez de a um ideal ético ou religioso. As hierarquias invertem-se e reconstroem-se a cada obra, e qualquer autoridade que surja é de imediato dissolvida. Permanece apenas a relação que cada sujeito, no seu potencial de criação, estabelece com a realidade que habita. A obra, em detrimento de se voltar para Arte, volta-se, na modernidade, para o homem, dirige-se a ele, apela ao olhar e ao questionamento – da essência da obra, da essência do humano (tantas vezes a mesma). A apropriação artística da realidade une humano e mundo, e o homem ergue-se como testemunha da realidade, traduzindo o que observa – na sua interioridade e na realidade exterior - na obra. O fim da Arte corresponde assim à origem de uma arte mais humana, no sentido em que serve as aspirações humanas em toda a sua plenitude: o criador cria para si e para o homem a seu lado, não há já instância divina para que as obras sejam colocadas no seu altar.

A explosão dos cânones, operada pelas vanguardas, impossibilita que continuemos a construir uma História de Arte, colocando em questão tudo aquilo que julgámos, durante séculos, como certo a respeito desta [4]. O prisma teórico a partir do qual a Arte é analisada exige uma transfiguração que se adeqúe às metamorfoses que a Arte tem vindo a registar. É neste contexto que verificamos a crescente actividade e importância que a crítica de arte começa a exercer no interior do meio artístico, bem como um cada vez mais constante pensamento da Arte sob perspectivas filosóficas. A arte não é mais uma narrativa linear e contínua, passando a representar uma totalidade fragmentada acerca da qual discorrem inúmeras e discrepantes teorias. As obras de arte no todo que constituem, tornam-se auto-reflexivas, mobilizam discursos e reflexões, deixando de estar em questão a narrativa que estas podem constituir ou um olhar historicista sobre elas. A Arte tornou-se singular em cada criação, não existe pois olhar que abarque a vastidão e complexidade que a caracteriza hoje.

A história de arte, ainda que seja hoje uma busca teórica revestida de inúmeras dificuldades, ocupa uma função de crescente importância na produção artística, pois que esta reflecte sobre o seu Passado, tenta superá-lo, estabelecer rupturas e criar obras que constituam indagações a seu respeito [5]. A história de arte torna-se assim um epicentro, sendo que a arte moderna se guia por ele para assim a abordar, contrariando-a, afastando-se dela e reflectindo acerca da mesma; como se fosse um fardo que, demasiado longínquo, é desprezado. Para que esse legado seja negado é, no entanto, necessário que esteja permanente presente enquanto referência, daí que a arte moderna tenha sempre exercido uma peculiar relação com o seu Passado [6]. A história de arte produz, ela mesma, uma representação, construindo uma “história da arte”, ela representa a arte. Esta representação é um recurso constante, salientando a visão que temos hoje da realidade e o modo como esta se transformou, através das manifestações artísticas que a revelam.

Uma indagação da arte enquanto instância de mediação, bem como do homem enquanto ser intrinsecamente histórico e das imagens do real por ele produzidas, reclama uma visão desta enquanto experimentação permanente, mutante pois que o real e o homem dentro dele também seres marcados por constantes mutações. A experiência do homem que habita um mundo, o seu mundo, torna-se experiência exteriorizável, o que nos impede um olhar sobre a obra, per se, tendo esta de ser pensada enquanto criação cuja origem é a experiência de uma subjectividade. Arte é hoje tela de emanação do eu, um eu marcado por coordenadas espácio-temporais. As obras de arte, desde os seus primórdios, devem então ser abordadas, na sua totalidade, enquanto processo de auto-aprendizagem por parte do ser humano, reflectindo-se, nessa totalidade, o caminho percorrido pela espécie humana no seu apelo para apreender o real e manifestar a experiência vivida por aquele que o habita. Se um zeitgeist é inalienável quando se pensa a Arte, tiramos a consequência de que vivemos num tempo em que o real está estilhaçado; e a impossibilidade de encontrar uma continuidade nas manifestações sensíveis que se vão apresentando reflecte precisamente a complexidade do Presente e os hiatos de significância de que a “nossa história” está repleta: o espírito do nosso tempo é o do fragmentário.

A dessacralização da Arte, concomitante com o seu fim anunciado por Hegel e por tantos pensadores subscrita, representa a libertação da mesma relativamente a uma funcionalidade, a de que esta teria de corresponder a uma manifestação sensível do supremo e do divino. A liberdade assim alcançada confere à criação artística um potencial, que esta não possuía anteriormente, preenchendo todas as aspirações que o sujeito, criador de mundos por natureza, pode desejar [7]. A essência da Arte está pois, hoje, nessa liberdade que lhe é intrínseca e que é a causa da pluralidade que caracteriza a arte contemporânea. A relação que se estabelece entre conceito e forma, na arte contemporânea, aparenta oscilações que impedem que uma caracterização da mesma, a partir deste critério hegeliano, seja elaborada, na medida em que a liberdade artística atinge também essa relação. Se podemos afirmar a crescente importância do conceito, que levou mesmo a que se falasse numa “arte conceptual”, na qual a forma pode por vezes estar quase ausente, sendo o epicentro da criação o seu núcleo conceptual; observamos, do mesmo modo, um fascínio pela forma. Esta diversifica-se exaustivamente, numa aceitação de um cada vez maior número de suportes técnicos passíveis de uma apropriação artística, numa enriquecida multiplicidade formal [8]. Esta dicotómica relação complexifica o exercício hermenêutico perante a obra de arte, uma vez que não conhecemos, a priori, a natureza da mesma. Conceito e forma surgem por vezes como duas faces contraditórias da obra; por vezes o conceito eleva-se, noutras a forma fascina, obscurecendo o discurso conceptual, que pode mesmo estar ausente.

A arte contemporânea, na liberdade quase absoluta que invade as criações e os discursos que as envolvem, caracteriza-se por uma abertura. A obra permanece eternamente por realizar, pois que quem a olha acrescenta o que lhe falta: dá-lhe um desfecho. A subjectividade do artista e a subjectividade do espectador colaboram para a criação da obra enquanto totalidade que se fecha. A obra de arte olha-nos, clamando para que a completemos, pois que parece ser intrínseco à obra da contemporaneidade o facto de esta se apresentar sempre como um núcleo sensível de significância fendido, cujo término pertence ao sujeito que o contempla. A permanência da obra enquanto totalidade que se abre para receber olhares que a complementem é uma característica inerente à arte criada na contemporaneidade, sendo esta particularidade o que, no seio da pluralidade gritante que esta comporta, serve de linha teórica que vai permitir uma unificação das obras. Esse espaço de inscrição corresponde à base que promove as textualidades que proliferam em torno da Arte dos nossos dias e que podemos verificar através da invasão da crítica artística.


III. O caos e as pós-vanguardas




A Arte contemporânea instalou-se,
precisamente, com o estilhaçar de certezas.

José Gil





As pós-vanguardas da década de oitenta do século XX exerceram uma importante ruptura que representa um exemplo icónico da estrutura que a Arte passou a figurar, prolongando-se esta até ao Presente. Um caos estrutural, conceptual e técnico instalou-se num proliferar de tendências múltiplas e desprovidas de uma precedente legitimação na esfera artística. Uma heterogeneidade gritante abala a Arte, agora desprovida de qualquer discurso unificador – é cacofonia de vozes que explode numa mesma e única sala. Levantam-se então problemáticas fundamentais como a da ausência de um discurso legitimador que imponha uma ordem estética às criações artísticas [9].

A estrutura vanguardista assenta sobre um nexo muito rigoroso dominado por ideais políticos e de ruptura artística com o legado histórico sempre presente enquanto referência a contradizer. Uma sucessão de rupturas segue-se temporalmente, num tempo em que os “-ismos” eram ainda uma estrutura classificativa credível e com validade no seio artístico. As pós-vanguardas da segunda metade do século XX vêm pôr em causa os critérios classificativos vigorantes e mesmo a possibilidade de classificações no que diz respeito à Arte. O sujeito criador toma consciência do vazio teórico instalado pela ausência de um discurso de legitimação das obras, evidenciando-o através da percepção, expressa nas obras de arte, de que estas não devem seguir qualquer padrão normativo, na medida em que o que distingue uma obra artística de uma não-artística não está já convencionado [10]. A valorização torna-se absolutamente subjectiva e a liberdade artística e de “gosto” atinge o seu apogeu. A indiferença relativamente ao nexo abala a estrutura vanguardista e aquilo que, nelas, era uma experimentação controlada passa a ser, nas pós-vanguardas uma experimentação totalmente livre e sem quaisquer limitações.

O paradoxo na obra de arte é transversal ao século XX, tendo sido Marcel Duchamp o pioneiro da exploração artística deste conceito, no entanto, é com as pós-vanguardas que o carácter paradoxal está passa a ser de tal modo intrínseca à criação artística que deixa de ser uma questão a considerar. A Arte de hoje é, per se, paradoxal. A hierarquia de objectos implode e a migração de imagens desmaterializa as obras que circulam agora sem qualquer limitação espácio-temporal. Esta ausência de espaço e de tempo faz de qualquer sujeito um artista ou/e um “coleccionador de arte” em potência e coloca a instituição museológica em questão, bem como a tão mencionada narrativa histórica a respeito da Arte.

Todas estas precedentes verificações acerca da estrutura da arte contemporânea levam-nos à fatal conclusão de que tudo aquilo que um dia tivemos por certo relativamente às terminologias de arte, artista e obra de arte entra hoje em colapso. A Arte, tal como a conhecíamos, está morta. Resta-nos contemplar as manifestações artísticas tendo por base a única característica que, intemporalmente, as define: o serem captação e apropriação humanas da realidade, retrato da experiência humana e do modo como esta permite uma representação do mundo. Ser humano é representar, percepcionar, interpretar e atribuir significados, ser artista é fazê-lo através de manifestações que correspondem a conceitos inscritos numa forma; e fazê-lo em liberdade. Assim, a arte contemporânea impele-nos a um afastamento das abordagens historicistas e estéticas para que sejam introduzidas perspectivas hermenêuticas e mesmo ontológicas. É o ser, na sua manifestação sensível do real que está em cena, na galopante experiência que é a Arte. Há pois que olhar a obra e ver nela o humano que a habita.

Maria Beatriz Marquilhas


NOTAS

[1]
“Thus, the obvious temptation was to write a continuous history of avant-garde art from the beginning all the way to the present, and so to deny that the breaks which had occurred in any way threatened the imaginary continuity of eternal art. It is only with the crisis of avant-gardism and the loss of confidence in meaningful continuity and direction that’s this program of writing art history has been deprived of its most needed support from the contemporary experience of art.” Hans Belting, The End of Art History?, Chicago: The University of Chicago Press, 1987, p. 15

[2]
“(…) artistic form is often the interpretation of a particular content, even if this content is nothing more than a certain notion of art. The divorce of content and form robs historical of its true substance. Form is not the mere mirror of an internal evolution, nor is content – the reference to the world and reality – exterior to form.” Ibid, p. 18

[3]
“One must live with this pluralism of styles and values which apparently characterizes our society, if only because there is no exit in sight. Where before the loss of tradition was lamented, today the loss of the modern is lamented.” Ibid, p. 56

[4]
“What art-historical scholarship, with great effort, had canonized – the ideal order where everything obeys the rules of art history – recent art tends to decanonize.” Ibid, p. 31

[5]
“The content of a modern work of art is guided by reflection on the history of art. Often this reference is “the only content”. At the same time every work becomes a candidate for a future niche in a continually written art history.” Ibid, p. 50

[6]
“Thus the production of art becomes either a sort of applied art history or, in resistance to this logic, a deliberate and radical effort to escape the history legacy.” Ibid, p. 52

[7]
“But other interpreters (for example Read) have also argued that art, liberated from its original functions, has only now attained its rightful status and is in the position to fulfill its true potential.” Ibid, p. 47

[8]
“(…) artistic form survives as an object of contemplation even after the original message has lost its immediate force. For it is precisely this survival of form which constitutes the experience of art in the familiar sense; indeed, the appeal, the fascination of form sets historical questions in motion in the first place.” Ibid, p. 27

[9]
“Heterogeneidade, serialidade, ausência de unidade. Coexistência de objectos heteróclitos no mesmo plano; movimentos (criativos) que vão em direcções divergentes, mesmo contrárias, mas também no mesmo plano. Isto leva à impossibilidade de “julgar”, de hierarquizar, de dar e tirar valor a este ou aquele objecto, considerado como objecto de arte. Verificamos desde já que existe uma “estrutura” da confusão: o que a provoca não é pura heterogeneidade das imagens, mas uma série de condições que impedem de as ordenar.” José Gil, “Os Anos 80, A Confusão como Conceito”, in “Sem Título” – Escritos sobre Arte e Artistas, Lisboa, Relógio d’Água, Lisboa, 2005, p. 97

[10]
“Com a arte dita “contemporânea” (…) assistiu-se (…) a uma estranha coexistência de todos os gostos, de todas as correntes, de todos os estilos. A universalidade torna-se paradoxalmente local, regional ou individual – sem regra, sem direcção, sem discurso universalista; cada artista vale agora por si, independentemente do valor dos outros, que se legitima curiosamente também por si, quer dizer, por não exigir discurso legitimador.” Ibid, p. 94