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À MESA COM SAM BARON

JOANA ASTOLFI


A linha que adoptei para a secção Design da Artecapital parte da transversalidade do design contemporâneo, o design conceptual, o design que combina o pensamento com uma dimensão verdadeiramente artística. A construção de cada um dos artigos baseia-se num ‘ping-pong’ de imagens – lanço cerca de 20 imagens ao designer convidado, e este responde com uma imagem do seu trabalho (ou não), e um comentário para cada situação.

Sam Baron (1976), criador de peças de ‘autor’ e director do Departamento de Design da Fabrica - o Centro Criativo da Benetton, em Itália, é o meu primeiro designer convidado.

Sam Baron divide o seu tempo entre Treviso (terra da Benetton), Lisboa - onde tem colaborado com várias empresas, entre as quais a Vista Alegre e a Atlantis, criando colecções que reflectem a sua visão sobre o universo dessas marcas, e Paris - onde joga em casa.
Baron é um designer com atitude. O seu trabalho tem a capacidade de fazer muito com pouco. Aponta sempre para a simplicidade, a economia, e o ‘twist’ conceptual no seu trabalho. Ganhou vários prémios, entre os quais o Grand prix de la Création la Ville de Paris 2008 e o Award Elle Decor France ‘Art de la Table’ 2008. ‘Penso que mesmo num objecto muito básico, é possivel ser-se elitista’, diz Baron. Tem trabalhado com vários materiais, mas é com a cerâmica que se sente mais ligado: ‘... é um material humano, sensível, pode ser seco, doce, pode ser brilhante ou branco, pode ser decorado, pode ter cor. Faz parte da vida quotidiana.’ Baron não pára, tem uma energia contagiante, e gosta de surpreender.
Sam Baron participará na exposição 'A Beleza do Erro' (curadoria da PuppenHaus), no LX Factory em Lisboa, em Setembro de 2009.


"‘É importante prestar atenção aos pormenores do quotidiano. Um pequeno pormenor pode mudar o nosso dia."


"Semblant faux semblant. Quanto mais o design se aproxima da arte mais ele se torna reconhecido."


"Estava a descobrir uma nova cultura. Queria explorar novas formas de usar a porcelana, criando um landscape inovador para um mercado clássico."


"O design é basicamente a prática de combinar elementos de uma forma, idealmente, nunca antes vista."


"Objectos ‘velhos ricos’ versus objectos ‘novos ricos."


"Hoje em dia é cada vez menos importante onde estamos ou quem somos, o que é importante é o que fazemos, sem nunca esquecermos as nossas raizes."


"Portugal foi uma grande descoberta."


"Para mim o designer é alguém que responde a uma pergunta. O que os ‘brands’ querem no fundo é saber qual é a resposta do designer para um produto. Tudo se resume a uma troca."


"O design é um trabalho sério – envolve a responsabilidade de lançar produtos num mercado que está superlotado. É importante pensarmos que temos já muitos objectos em casa. É urgente que sejamos responsáveis e não acrescentar coisas inúteis."


"Tudo partiu de querer salvar uma série de objectos que eram muito importantes para nós quando éramos adolescentes, neste caso o telefone (hoje substituido pelo i-phone), congelando-o em cerâmica e passando a assumi-lo como bibelot."


"Manipular o clássico e a estética do still life."


"O design propõe uma nova realidade, feita de uma combinação de sinais."


"A minha avó tinha um candeeiro cuja base era uma garrafa de vinho do porto que terminava num abat-jour. Aqui o champanhe é a inspiração da peça e evoca uma celebração. A luz sai das garrafas como champanhe a explodir."


"É importante o encontro entre o produto e o seu contexto sociocultural."


"Aqui brinquei com a tradição das artes decorativas e inspirei-me nos objectos da casa, do candelabro à fruteira. Esta colecção baseia-se no encaixe das peças umas nas outras, criando jogos de composição."


"A simplicidade é sempre um bom ponto de partida para a resposta a uma pergunta."


"O humor é muito importante, acrescenta leveza à vida."


"Ás vezes é importante olhar para as coisas como se fosse a primeira vez."


"Assumir o erro e celebrá-lo: a beleza do erro."


"Cada objecto conta uma história. Adoraria que as pessoas que compram o meu rádio em loiça o fizessem porque as faz pensar no passado, na forma de consumir, no desejo, na música."


"Moderation Kills the Spirit."