Links

O ESTADO DA ARTE


Vista geral da feira. Fotografia: Jéssica Mangaba para SP-Arte/2018


Vista geral da feira. Fotografia: Ênio Cesar para SP-Arte


Stand da Galeria Luciana Brito. Fotografia: Leo Eloy para SP-Arte/2018


Stand da Galeria Mendes Wood DM. Fotografia: Ênio Cesar para SP-Arte/2018


Vista geral da feira. Fotografia: Ênio Cesar para SP-Arte/2018


Vista geral da feira. Fotografia: Ênio Cesar para SP-Arte/2018


Stand da Galeria Neugerriemschneider. Fotografia: Jéssica Mangaba para SP-Arte/2018


Vista geral da feira. Jéssica Mangaba e Ênio Cesar para SP-Arte/2018

Outros artigos:

2024-12-01


O CALÍGRAFO OCIDENTAL. FERNANDO LEMOS E O JAPÃO
 

2024-10-30


CAM E CONTRA-CAM. REABERTURA DO CENTRO DE ARTE MODERNA
 

2024-09-20


O MITO DA CRIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE JUDY CHICAGO
 

2024-08-20


REVOLUÇÕES COM MOTIVO
 

2024-07-13


JÚLIA VENTURA, ROSTO E MÃOS
 

2024-05-25


NAEL D’ALMEIDA: “UMA COISA SÓ É GRANDE SE FOR MAIOR DO QUE NÓS”
 

2024-04-23


ÁLBUM DE FAMÍLIA – UMA RECORDAÇÃO DE MARIA DA GRAÇA CARMONA E COSTA
 

2024-03-09


CAMINHOS NATURAIS DA ARTIFICIALIZAÇÃO: CUIDAR A MANIPULAÇÃO E ESMIUÇAR HÍPER OBJETOS DA BIO ARTE
 

2024-01-31


CRAGG ERECTUS
 

2023-12-27


MAC/CCB: O MUSEU DAS NOSSAS VIDAS
 

2023-11-25


'PRATICAR AS MÃOS É PRATICAR AS IDEIAS', OU O QUE É ISTO DO DESENHO? (AINDA)
 

2023-10-13


FOMOS AO MUSEU REAL DE BELAS ARTES DE ANTUÉRPIA
 

2023-09-12


VOYEURISMO MUSEOLÓGICO: UMA VISITA AO DEPOT NO MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, EM ROTERDÃO
 

2023-08-10


TEHCHING HSIEH: HOW DO I EXPLAIN LIFE AND CHANGE IT INTO ART?
 

2023-07-10


BIENAL DE FOTOGRAFIA DO PORTO: REABILITAR A EMPATIA COMO UMA TECNOLOGIA DO OUTRO
 

2023-06-03


ARCOLISBOA, UMA FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM PERSPETIVA
 

2023-05-02


SOBRE A FOTOGRAFIA: POIVERT E SMITH
 

2023-03-24


ARTE CONTEMPORÂNEA E INFÂNCIA
 

2023-02-16


QUAL É O CINEMA QUE MORRE COM GODARD?
 

2023-01-20


TECNOLOGIAS MILLENIALS E PÚBLICO CONTEMPORÂNEO. REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO 'OCUPAÇÃO XILOGRÁFICA' NO SESC BIRIGUI EM SÃO PAULO
 

2022-12-20


VENEZA E A CELEBRAÇÃO DO AMOR
 

2022-11-17


FALAR DE DESENHO: TÃO DEPRESSA SE COMEÇA, COMO ACABA, COMO VOLTA A COMEÇAR
 

2022-10-07


ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL
 

2022-08-29


19 DE AGOSTO, DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA
 

2022-07-31


A CULTURA NÃO ESTÁ FORA DA GUERRA, É UM CAMPO DE BATALHA
 

2022-06-30


ARTE DIGITAL E CIRCUITOS ONLINE
 

2022-05-29


MULHERES, VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS QUE REINAM
 

2022-04-29


EGÍDIO ÁLVARO (1937-2020). ‘LEMBRAR O FUTURO: ARQUIVO DE PERFORMANCES’
 

2022-03-27


PRATICA ARTÍSTICA TRANSDISCIPLINAR: A INVESTIGAÇÃO NAS ARTES
 

2022-02-26


OS HÁBITOS CULTURAIS… DAS ORGANIZAÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS
 

2022-01-27


ESPERANÇA SIGNIFICA MAIS DO QUE OPTIMISMO
 

2021-12-26


ESCOLA DE PROCRASTINAÇÃO, UM ESTUDO
 

2021-11-26


ARTE = CAPITAL
 

2021-10-30


MARLENE DUMAS ENTRE IMPRESSIONISTAS, ROMÂNTICOS E SUMÉRIOS
 

2021-09-25


'A QUE SOA O SISTEMA QUANDO LHE DAMOS OUVIDOS'
 

2021-08-16


MULHERES ARTISTAS: O PARADOXO PORTUGUÊS
 

2021-06-29


VIVER NUMA REALIDADE PÓS-HUMANA: CIÊNCIA, ARTE E ‘OUTRAMENTOS’
 

2021-05-24


FRESTAS, UMA TRIENAL PROJETADA EM COLETIVIDADE. ENTREVISTA COM DIANE LINA E BEATRIZ LEMOS
 

2021-04-23


30 ANOS DO KW
 

2021-03-06


A QUESTÃO INDÍGENA NA ARTE. UM CAMINHO A PERCORRER
 

2021-01-30


DUAS EXPOSIÇÕES NO PORTO E MUITOS ARQUIVOS SOBRE A CIDADE
 

2020-12-29


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO - PARTE II
 

2020-11-29


11ª BIENAL DE BERLIM
 

2020-10-27


CRITICAL ZONES - OBSERVATORIES FOR EARTHLY POLITICS
 

2020-09-29


NICOLE BRENEZ - CINEMA REVISITED
 

2020-08-26


MENSAGENS REVOLUCIONÁRIAS DE UM TEMPO PERDIDO
 

2020-07-16


LIÇÕES DE MARINA ABRAMOVIC
 

2020-06-10


FRAGMENTOS DO PARAÍSO
 

2020-05-11


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO
 

2020-04-24


QUE MUSEUS DEPOIS DA PANDEMIA?
 

2020-03-24


FUCKIN’ GLOBO 2020 NAS ZONAS DE DESCONFORTO
 

2020-02-21


ELECTRIC: UMA EXPOSIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL NO MUSEU DE SERRALVES
 

2020-01-07


SEMANA DE ARTE DE MIAMI VIA ART BASEL MIAMI BEACH: UMA EXPERIÊNCIA MAIS OU MENOS ESTÉTICA
 

2019-11-12


36º PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
 

2019-10-06


PARAÍSO PERDIDO
 

2019-08-22


VIVER E MORRER À LUZ DAS VELAS
 

2019-07-15


NO MODELO NEGRO, O OLHAR DO ARTISTA BRANCO
 

2019-04-16


MICHAEL BIBERSTEIN: A ARTE E A ETERNIDADE!
 

2019-03-14


JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO – O JOGO DO INDIZÍVEL
 

2019-02-08


A IDENTIDADE ENTRE SEXO E PODER
 

2018-12-20


@MIAMIARTWEEK - O FUTURO AGENDADO NO ÉDEN DA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2018-11-17


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL. A COLEÇÃO PINTO DA FONSECA
 

2018-10-09


PARTILHAMOS DA CRÍTICA À CENSURA, MAS PARTILHAMOS DA FALTA DE APOIO ÀS ARTES?
 

2018-09-06


O VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA BIENAL DE BERLIM
 

2018-07-29


VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA
 

2018-06-24


O OLHO DO FOTÓGRAFO TAMBÉM SOFRE DE CONJUNTIVITE, (UMA CONVERSA EM TORNO DO PROJECTO SPECTRUM)
 

2018-05-22


SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER
 

2018-04-12


NO CORAÇÂO DESTA TERRA
 

2018-03-09


ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO
 

2018-02-08


SFMOMA SAN FRANCISCO MUSEUM OF MODERN ART: NARRATIVA DA CONTEMPORANEIDADE
 

2017-12-20


OS ARQUIVOS DA CARNE: TINO SEHGAL CONSTRUCTED SITUATIONS
 

2017-11-14


DA NATUREZA COLABORATIVA DA DANÇA E DO SEU ENSINO
 

2017-10-14


ARTE PARA TEMPOS INSTÁVEIS
 

2017-09-03


INSTAGRAM: CRIAÇÃO E O DISCURSO VIRTUAL – “TO BE, OR NOT TO BE” – O CASO DE CINDY SHERMAN
 

2017-07-26


CONDO: UM NOVO CONCEITO CONCORRENTE À TRADICIONAL FEIRA DE ARTE?
 

2017-06-30


"LEARNING FROM CAPITALISM"
 

2017-06-06


110.5 UM, 110.5 DOIS, 110.5 MILHÕES DE DÓLARES,… VENDIDO!
 

2017-05-18


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 2: "UMA HISTÓRIA DA VISÃO E DA CEGUEIRA"
 

2017-04-26


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 1: «O REAL É SEMPRE AQUILO QUE NÃO ESPERÁVAMOS»
 

2017-03-29


ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE FEIRA DE ARTE
 

2017-02-20


SOBRE AS TENDÊNCIAS DA ARTE ACTUAL EM ANGOLA: DA CRIAÇÃO AOS NOVOS CANAIS DE LEGITIMAÇÃO
 

2017-01-07


ARTLAND VERSUS DISNEYLAND
 

2016-12-15


VALORES DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA CONVERSA COM JOSÉ CARLOS PEREIRA SOBRE A PUBLICAÇÃO DE O VALOR DA ARTE
 

2016-11-05


O VAZIO APOCALÍPTICO
 

2016-09-30


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 2
 

2016-08-25


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 1
 

2016-06-24


COLECCIONADORES NA ARCO LISBOA
 

2016-05-17


SONNABEND EM PORTUGAL
 

2016-04-18


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (II)
 

2016-03-15


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (I)
 

2016-02-11


FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO
 

2016-01-06


JANEIRO 2016: SER COLECCIONADOR É…
 

2015-11-28


O FUTURO DOS MUSEUS VISTO DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
 

2015-10-28


O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA
 

2015-09-17


PORQUE É QUE OS BLOCKBUSTERS DE MODA SÃO MAIS POPULARES QUE AS EXPOSIÇÕES DE ARTE, E O QUE É QUE PODEMOS DIZER SOBRE ISSO?
 

2015-08-18


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2
 

2015-07-29


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 1
 

2015-06-06


O DESAFINADO RONDÒ ENWEZORIANO. “ALL THE WORLD´S FUTURES” - 56ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DE VENEZA
 

2015-05-13


A 56ª BIENAL DE VENEZA DE OKWUI ENWEZOR É SOMBRIA, TRISTE E FEIA
 

2015-04-08


A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE
 

2015-03-04


OS MUSEUS, A CRISE E COMO SAIR DELA
 

2015-02-09


GUIDO GUIDI: CARLO SCARPA. TÚMULO BRION
 

2015-01-13


IDEIAS CAPITAIS? OLHANDO EM FRENTE PARA A BIENAL DE VENEZA
 

2014-12-02


FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON
 

2014-10-21


UM CONTEMPORÂNEO ENTRE-SERRAS
 

2014-09-22


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro - Parte II
 

2014-09-03


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro – Parte I
 

2014-07-16


ARTISTS' FILM BIENNIAL
 

2014-06-18


PARA UMA INGENUIDADE VOLUNTÁRIA: ERNESTO DE SOUSA E A ARTE POPULAR
 

2014-05-16


AI WEIWEI E A DESTRUIÇÃO DA ARTE
 

2014-04-17


QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL
 

2014-03-13


A ECONOMIA DOS MUSEUS E DOS PARQUES TEMÁTICOS, NA AMÉRICA E NA “VELHA EUROPA”
 

2014-02-13


É LEGAL? ARTISTA FINALMENTE BATE FOTÓGRAFO
 

2014-01-06


CHOICES
 

2013-09-24


PAIXÃO, FICÇÃO E DINHEIRO SEGUNDO ALAIN BADIOU
 

2013-08-13


VENEZA OU A GEOPOLÍTICA DA ARTE
 

2013-07-10


O BOOM ATUAL DOS NEGÓCIOS DE ARTE NO BRASIL
 

2013-05-06


TRABALHAR EM ARTE
 

2013-03-11


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (III)
 

2013-02-12


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (II)
 

2013-01-07


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS. META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (I)
 

2012-11-12


ATENÇÃO: RISCO DE AMNÉSIA
 

2012-10-07


MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
 

2012-06-12


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (II)


 

2012-05-16


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (I)
 

2012-02-06


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (III - conclusão)
 

2012-01-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (II)
 

2011-12-07


PARAR E PENSAR...NO MUNDO DA ARTE
 

2011-04-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (I)
 

2010-10-29


O BURACO NEGRO
 

2010-04-13


MUSEUS PÚBLICOS, DOMÍNIO PRIVADO?
 

2010-03-11


MUSEUS – UMA ESTRATÉGIA, ENFIM
 

2009-11-11


UMA NOVA MINISTRA
 

2009-04-17


A SÍNDROME DOS COCHES
 

2009-02-17


O FOLHETIM DE VENEZA
 

2008-11-25


VANITAS
 

2008-09-15


GOSTO E OSTENTAÇÃO
 

2008-08-05


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO II – O DISCURSO NO PODER
 

2008-06-30


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO I
 

2008-05-21


ARTE DO ESTADO?
 

2008-04-17


A GULBENKIAN, “EM REMODELAÇÃO”
 

2008-03-24


O QUE FAZ CORRER SERRALVES?
 

2008-02-20


UM MINISTRO, ÓBICES E POSSIBILIDADES
 

2008-01-21


DEZ PONTOS SOBRE O MUSEU BERARDO
 

2007-12-17


O NEGÓCIO DO HERMITAGE
 

2007-11-15


ICONOLOGIA OFICIAL
 

2007-10-15


O CASO MNAA OU O SERVILISMO EXEMPLAR
 

SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER

JULIA FLAMINGO

2018-05-22




 

Para alguns visitantes, uma feira é um local de boas aquisições; para outros, uma chance de ver uma reunião tão grande de obras que nem mesmo um museu dá conta. E para a grande maioria, um lugar intenso, com uma quantidade excessiva de estímulos visuais e sonoros, que comprime em alguns dias uma agenda atribulada e sofisticada, num convívio diário com protagonistas do cenário das artes visuais. Na 14a edição da SP-Arte, a experiência não foi diferente. Mais de 34 000 pessoas visitaram o evento entre 11 e 15 de abril e perambularam pelas rampas modernistas do Pavilhão da Bienal, de Oscar Niemeyer - monumento arquitetônico que surpreende até mesmo os visitantes que já passaram dezenas de vezes por lá. Com 132 galerias de arte e outras 33 de design (o que deve somar cerca de 2 000 artistas e 5 000 obras), a maior feira da América Latina teve neste ano o engajamento como grande diferencial. Mesmo que sutil, ele substituiu o lugar da imparcialidade ou sobriedade que muitas feiras de arte preferem ocupar. Sessões de debates que não discutiam apenas o colecionismo, mas também assuntos como sexualidade e performance; uma publicação que não se limitava a apresentar obras trazidas pelas galerias, mas uma revista que problematizava questões atuais da arte, como o selfie; e, por fim, um espaço dedicado à performance, onde ações voltadas ao corpo político aconteceram ininterruptamente no período da feira. Mais perceptível para uns do que para outros, tal engajamento da SP-Arte foi importante num momento em que a arte e o mercado não podem fingir passar ilesos das discussões politicas e sociais que borbulham no Brasil.

Entre os três andares e 27 000 metros quadrados do Pavilhão, o segundo piso era o que chamava mais atenção, já que reunia as galerias contemporâneas brasileiras e internacionais de peso. A paulistana Luciana Brito tinha um dos estandes mais bonitos da feira, com trabalhos de Marina Abramovic e Bosco Sodi. Da artista sérvia, a galeria trouxe instalações em que cristais são dispostos de maneira que o público pudesse tocar e interagir, a fim de testar seu poder energético. As obras são resultado da pesquisa em rituais transcendentais pelo Brasil, que também virou o documentário “Espaço Além”. A espiritualidade também estava presente na obra do mexicano Bosco Sodi, que apresentou pedras banhadas a ouro coletadas por ele em vulcões. A paulistana Mendes Wood DM, se diferenciou pelo seu perfil que beirava o extravagante: ela cobriu seu espaço com cortinas azuis, obra do espanhol Daniel Steegmann Mangrané, através da qual era impossível não perceber a instalação de pedras do japonês Kishio Suga, que participou da ultima Bienal de Veneza, no ano passado. Por falar em japonês, a galeria Bergamin & Gomide trouxe para o Pavilhão e para sua galeria em São Paulo, os belos trabalhos de Takesada Matsutani que, aos 81 anos, ganhou sua primeira individual no Brasil. Ele usa cola de vinil em suas telas e a própria respiração para criar bolhas de diferentes texturas e tamanhos. Também inovou a galeria Dan Contemporânea, um braço da Dan Galeria, que não fez tanto sucesso com suas peças de artistas modernos como com obras atuais do inglês Tony Cragg e da dupla finlandesa Tommi Grönlund e Petteri Nisunen. Eles assinaram instalações mecânicas de ímãs e vidro. Ainda no segundo andar, era impossível não parar para admirar de perto a escultura de vidro de Dan Graham, na galeria mineira Celma Albuquerque.

 

Entre seus destaques internacionais (quinze países foram representados no Pavilhão), a alemã Neugerriemschneider, trouxe o trabalho de bicicletas do chinês Ai Weiwei, que discute os direitos e ir e vir, faz referencias à marca que produz bicicletas em massa em Xangai desde 1940 e, ainda, ao ready-made de Duchamp. O efeito estético das várias bicicletas conectadas é mesmo impressionante. Menos fotografáveis, as pinturas do sueco Andreas Eriksson mostravam o minimalismo nórdico em trabalhos de cores claras e pinceladas quase perfeitas. Da poderosa White Cube, um grande tecido de juta de tons escuros assinado pelo ganês Ibrahim Mahama fazia o contraponto das paredes brancas do espaço. Logo à sua frente, uma imponente escultura de Theaster Gates também parecia mostrar para que veio a galeria londrina. A britânica Stephen Friedman, com desenhos talhados em madeira pelo alemão Stefan Balkenhol, era outro chamariz de público, pela atualização desta técnica tradicional.

Os setores curados, Solo e Repertório, costumam ser destacados tanto pelo tom novidadeiro como pelo fato dos estandes terem uma narrativa, apresentarem poucas obras e textos informativos. No Solo – na qual 16 galerias apresentaram projetos de um único artista, selecionados por Luiza Teixeira de Freitas – Mar Arza, da galeria espanhola Rocio Santa Cruz, transformou textos sobre papeis em esculturas singelas, enquanto a portuguesa Balcony apresentou os escritos de Horácio Frutuoso que tomavam as paredes e chão do estande com desabafos.

Foi extraordinário poder acompanhar as cinco performances que aconteciam entre o abrir e fechar das portas ao longo da feira. Grande novidade da edição, o Setor Performance, curado por Paula Garcia, apresentava verdadeiros exercícios de resistência, na qual os performers propuseram ações que foram se aproximando com o passar do tempo. Destaque especial para Paul Setúbal, que criou uma engenhoca feita de roldanas e cabos para sustentar com o corpo uma escultura de 250 quilos de Franz Weissmann. Também não ficou para trás a dupla Protovoulia, formada por Jéssica Goes e Rafael Abdala. Com uma quantidade gigantesca de cinzas, eles criavam cenários densos e trabalhosos: a força do efeito estético estava aliada à presença desoladora e séria dos performers.

A programação extravasava ainda para além do Parque do Ibirapuera, onde está localizado o Pavilhão. Em bairros que concentram um grande número de espaços de arte, como Jardins e Vila Madalena, aconteceram dezenas de eventos a partir de 5 de abril. Aberturas de exposições, visitas guiadas, lançamentos de livros, festas e coquetéis transformam esse período num dos mais agitados (e esperados) do calendário das artes paulistano. Durante duas noites, o público foi convidado a participar do Gallery Night, na qual cerca de quarenta espaços da cidade abriram suas portas para uma programação gratuita. Na Galeria Vermelho, Dias & Riedweg apresentaram a excelente mostra “CameraContato” feita a partir do trabalho do fotógrafo e ativista americano Charles Hovland, que fotografou, durante 20 anos, fantasias sexuais de interessados em seus anúncios no jornal. A Galeria Luciana Brito expôs uma individual da argentina Liliana Porter, com suas marcantes miniaturas que integram cenas construídas por ela. Já a Fortes Vilaça & Gabriel, sediou a coletiva “Esse Obscuro objeto do desejo”, concebida pelo curador Philip Larratt-Smith, que escolheu trabalhos de artistas como Douglas Gordon, Felix Gonzalez-Torres, Iran do Espírito Santo, Tacita Dean e Wolfgang Tillmans para falar sobre a instabilidade e ansiedade incitadas pelo desejo. Nestas semanas seguintes ao evento, quem ficou na cidade tem o privilégio de ainda aproveitar a rebarba do Festival Internacional de Arte de São Paulo e visitar as mostras que, por falta de tempo, tiveram que ser deixadas de fora do roteiro.

 


Julia Flamingo 
Nascida em São Paulo, Brasil, é formada em Jornalismo e História. Comanda o site Bigorna – um olhar generoso sobre a arte atual (bigorna.art.br). Colabora como repórter de artes visuais para veículos nacionais e estrangeiros. Trabalhou como repórter e crítica de arte da revista Veja São Paulo entre os anos de 2015 e 2017 e foi assessora de eventos como SP-Arte e Bienal de São Paulo.