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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Vista geral Paris Photo 2024, © Grégoire Grange


Vista geral Paris Photo 2024, © Grégoire Grange


Vista geral Paris Photo 2024, © Grégoire Grange


Vista geral Paris Photo 2024, © Grégoire Grange


Adrian Sauer, Wolke_Zufall (Truth Table), 2024 – Cortesia da artista & Klemm’s


Mia Weiner, A Flash of Heat, 2024 – Cortesia da artista & Homecoming Gallery


Veronika Pot, Landslide, 2023 – Cortesia da artista & Base-Alpha Gallery


Peter Hujar, Richard – Shoes, 1981 – Cortesia da artista & Fraenkel Gallery


Bérangère Fromont, République, 2024 – Cortesia da artista & Galerie Bacqueville

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KERRY JAMES MARSHALL

THE HISTORIES


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CONSTANÇA BABO

RUI CHAFES

ACREDITO EM TUDO


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COLECTIVA

WHEN THE WORLD IS FULL OF NOISE


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MAFALDA TEIXEIRA

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COISAS VIVAS [E O DESLETRAMENTO PELA PEDRA]


Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa
MARIANA VARELA

JOÃO PIMENTA GOMES

DOIS STEREOS


Galerias Municipais - Galeria da Boavista, Lisboa
ISABEL STEIN

JULIANA CAMPOS / PAISAGEM-FUGA

BÃRBARA FADEN / MAGNÓLIA


Mais Silva Gallery, Porto
CLÃUDIA HANDEM

JOÃO PENALVA

JOÃO PENALVA


Galeria Francisco Fino, Lisboa
MIGUEL PINTO

ARQUIVO:


FEIRA DE ARTE

PARIS PHOTO 2025




GRAND PALAIS
Avenue Winston Churchill
75008 Paris

13 NOV - 16 NOV 2025


 

 

 

Photography is a love affair with life.

Burk Uzzle

 

 

Bienvenue à tous, à 28ª edição do Paris Photo 2025, o maior e mais prestigiado evento internacional dedicado à fotografia, e que decorreu entre 13 e 16 de novembro, em Paris. Muito mais do que uma feira, este encontro anual é um observatório fundamental para conhecer as tendências e os artistas contemporâneos, revisitar autores firmados e descobrir novos valores emergentes.

Tal como em 2024, o evento teve lugar no Grand Palais (depois das grandes obras que receberam os Jogos Olímpicos), o Paris Photo volta a evidenciar a vitalidade, a pujança e também a pluralidade da criação fotográfica contemporânea. É impossível não reconhecer a importância e relevância deste enorme evento que recebeu 179 galerias de 33 países (incluindo 60 estreantes). Podemos ver ao lado dos ‘clássicos’ e dos vintage, as novas linguagens no campo da experimentação digital. O Paris Photo acolhe o que a conhecida revista Artnet designa como “a diversidade de galerias, expositores e editoras que promovem o diálogo entre obras de arte e artistas através do tempo e do espaço (…)”.

O sector livreiro (com 43 expositores), que continua a ser um dos maiores atractivos para o público, inclui este ano 8 novas editoras com muitas centenas de títulos entre edições de autor, edições limitadas, publicações especiais e livros raros (que regressam pela 2ª vez este ano, pela mão da Dirk K. Bakker Boeken, e da La Chambre Noire entre outras). Num momento em que a imagem ocupa um lugar central na cultura global — e em que a inteligência artificial desafia as fronteiras tradicionais deste media — o Paris Photo é, porventura, o evento mais importante de reflexão sobre a fotografia e a própria concepção difusa do que é a Arte.

 

Cinco sectores

Tal como em 2024, a edição deste ano apresenta-se dividida em 5 sectores.

O sector Principal reúne as galerias mais proeminentes do mercado e integra, com o sector Prismes, uma selecção de projectos de grande envergadura.

Destaques no sector principal para a série de inéditos de Sally Mann [1], assim como para o trabalho de índole coreográfica e íntima de Tania Franco Klein.

No Prismes cabe referir os projectos de grande dimensão que reflectem as propostas mais ambiciosas de artistas e galerias. É o caso de uma instalação de 36 metros de comprimento da vencedora do Prémio Hasselblad 2025, Sophie Ristelhueber, que nos faz lembrar o trabalho muito inovador da iraniana Gohar Dashti, e que destacámos em 2024.

 

Sophie Ristelhueber, Pont Allenby #2, 2016 – Cortesia da artista & Galerie Poggi

 

Sophie Ristelhueber (1949, Paris) é uma artista francesa cuja obra passa por uma abordagem peculiar da “fotografia de guerra”: em vez de retratar pessoas, ela cria imagens das cicatrizes deixadas nos lugares que fotografa — crateras, trilhos, ruínas e paisagens arrasadas.

O seu trabalho, que inclui além da fotografia, o vídeo e instalação, já foi exibido em museus prestigiados como o MoMA (NY) ou o Centro Georges Pompidou (Paris).

Após o seu lançamento em 2024, o sector Voices apresentou-se agora na nave central. São trabalhos sobre paisagens de artistas estreantes no Paris Photo. A selecção mostra-nos trabalhos realizadas em países (descentrados), que vão da Índia ao Egipto, Irão, Líbano, Roménia e Polónia, numa abordagem documental ou mais pessoal e experimental. Destacamos Mohammad Ghazali (n. 1980, Irão), ou Ioana Cîrlig (n. 1987, Roménia).

O setor Émergence revela 20 projectos solo de artistas emergentes de diferentes geografias, ao todo nove países. Entre eles, destacam-se Bérangère Fromont, Atong Atem, Mia Weiner e Louis Porter, revelam o que há de mais inovador na arte contemporânea. Desde as questões sociais e culturais actuais até à utilização e experimentação de novas técnicas, este sector mostra a energia e a criatividade de uma nova geração de artistas.

Já o sector Digital, revela a fusão entre imagem similar a fotografia e novas tecnologias, com projetos de artistas como Cole Sternberg que apresenta “(…) mais de um milhão de composições digitais únicas criadas por meio de um algoritmo personalizado que combina dados de conectividade à Internet, flora indígena e um arquivo de fotografias botânicas do século XIX.”, pode ler-se no comunicado de imprensa do Paris Photo.

 

Dos clássicos à vanguarda

É muito interessante perceber que na fotografia as tendências mais experimentais e abstratas não são as preferências, quer dos visitantes amadores/aficionados da fotografia quer dos profissionais (os experts, os colecionadores, imprensa). E aqui coloco obviamente o ‘experimental’ na área do digital e da IA (Inteligência Artificial Generativa). É curioso perceber que este sector não cresceu do ano passado para este ano, mantendo a presença das mesmas 15 galerias. De facto, é o trabalho figurativo criado por artistas humanos que convoca a maioria das atenções, ficando o abstraccionismo IA/digital num plano muito secundário. Exemplo disto é o que a famosa revista Wallpaper escreve num editorial online: “Se procura ‘joias’ de Walker Evans, Berenice Abbott, Lee Friedlander, Irving Penn, Seydou Keïta, William Klein, Weegee, Sally Mann, Sebastião Salgado ou Hiroshi Sugimoto, veio ao lugar certo.

É também muito interessante saber o que alguns meios referem existir (não só entre o público, mas junto dos artistas) um interesse crescente por algumas técnicas fotográficas clássicas como, por exemplo, os daguerreótipos, usadas no séc. XIX. Esta tendência mostra que o concept da IA/computer produced work está a experimentar um certo declínio. Na minha opinião, quanto mais se massificar a produção de peças criadas por máquinas – mais a ideia de artesanato/criação por humanos – e no caso da fotografia, a de imagens criadas através de uma camera, será (re)valorizada. A minha posição está bem patente no artigo que escrevi em 2024, precisamente sobre o Paris Photo.

“Essa ideia de apropriação de algo tangível no contexto tempo-espacial é impossível de ser gerado pela IA. Se a IA ‘inventa’, não capta o existente. Como defendeu Susan Sontag, no famoso livro On Photography, (1977), «fotografar é apropriarmo-nos da coisa fotografada». Mesmo quando alguns artistas usam técnicas ou materiais diferentes nos seus trabalhos ‘fotográficos’, existe uma realidade anterior, que é física.” [2]

 

 

 

Paulo Roberto
Mestre em Ciências da Comunicação – Comunicação e Artes, pela FCSH – Nova, Lisboa (2025), é fotógrafo profissional e professor de fotografia há mais de 30 anos. Possui um bacharelato em Relações Públicas e Publicidade pelo Instituto Superior de Novas Profissões (Lisboa). Estudou na University College for Creative Arts, em Rochester, Reino Unido (Master Degree in Arts & Photography), e é diplomado por várias escolas e academias internacionais de fotografia (França, Espanha, Suíça e Estados Unidos). Publicou 8 livros entre 1989 e 2025, e assinou dezenas de artigos em periódicos da especialidade. É membro do ICP (International Centre of Photography, New York) e da MEP (Maison Européenne de la Photographie, Paris).

 

 

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Notas

[1] Sally Mann (n. 1951, Lexington, Virgínia, EUA) conhecida pelo seu trabalho a preto e branco de grande formato, que retrata uma visão intimista das gentes e do southwest americano, é considerada um dos mais influentes nomes da fotografia contemporânea. Embora envolto em controvérsia, nos anos 90 por exibir imagens de nudez infantil, o trabalho de Sally Mann voltou a ser elevado pela crítica e pelo mundo artístico, como foi o caso da recente exposição no conhecido Modern Art Museum of Fort Worth.
[2] Roberto, P., 2025, p.68, SOMOS TODOS ARTISTAS!? - A Inteligência Artificial, as artes visuais e a fotografia: a morte anunciada da criatividade humana?, Tese, FCSH-Univ. Nova de Lisboa.



PAULO ROBERTO