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“LA MAGIE NOIRE” DE MAGRITTE VAI SER LEILOADO EM PARIS2025-10-07 “La Magie Noire” foi comprada pela família de Suzanne Spaak, heroína da resistência da Segunda Guerra Mundial, que foram os benfeitores de Magritte numa altura em que este enfrentava dificuldades financeiras e não conseguia vender uma única obra há dois anos. Spaak foi baleado pela Gestapo em Paris por ajudar crianças judias a salvarem-se. A Sotheby’s estimou que “La Magie Noire” será vendida por um valor entre 5 milhões de euros e 7 milhões de euros, mas espera que seja arrematada por um valor consideravelmente superior. “É a primeira vez que manuseio uma obra importante de Magritte que pertence à mesma família desde que foi pintada. É extraordinária, tal como a história da família”, disse Thomas Bompard, vice-presidente da Sotheby’s França, ao Guardian. “Esta pintura é a Taylor Swift do surrealismo”, disse Bompard. “Se pedisse a um grupo de crianças em idade escolar para fazer uma apresentação sobre o movimento surrealista, esta pintura por si só seria suficiente para o definir. Chamo-lhe a super-estrela do surrealismo.” O belga Magritte trabalhou como designer numa fábrica de papel de parede e criou cartazes publicitários até 1926, altura em que produziu a sua primeira obra surrealista. No ano seguinte, realizou a sua primeira exposição em Bruxelas, mas a crítica foi feroz e um Magritte consternado mudou-se para Paris, onde não conseguiu deixar a sua marca. Regressou à Bélgica em 1930 e abriu uma agência de publicidade com o seu irmão Paul. “A vida para Magritte era muito difícil naquela época. A Grande Depressão, que começou em 1929 nos EUA, atingiu a França no início da década de 1930. Durante dois anos, entre 1930 e 1932, Magritte não vendeu nada e não realizou exposições”, disse Bompard. “Ninguém comprava quadros a surrealistas. Eram considerados arruaceiros revolucionários.” O marido de Spaak, Claude, um célebre dramaturgo belga, conhecia Magritte e era um benfeitor, encomendando retratos à sua mulher e aos seus filhos e organizando uma bolsa mensal para o artista e a sua família. Em 1934, a irmã de Suzanne Spaak, Alice Lorge, conhecida por Bunny, comprou La “Magie Noire” para assinalar o nascimento do seu primeiro filho com Emile Happe, um industrial belga. “A família Spaak era para a Bélgica o que os Mountbatten eram para o Reino Unido; como a realeza, e tiraram Magritte das dificuldades”, disse Bompard. “Foi comprado para assinalar o nascimento de uma criança, mas foi um renascimento para Magritte, que lutava para se reerguer.” A modelo para a série foi a mulher de Magritte, Georgette Berger, retratada de forma clássica, assemelhando-se a uma estátua de mármore com a mão apoiada num bloco de pedra. A parte superior do seu corpo funde-se gradualmente com o céu atrás dela, enquanto a parte inferior mantém o seu tom natural. Magritte pintou 10 retratos semelhantes, a maioria dos quais recebeu nomes diferentes. Nesta obra, a primeira da série, Berger é retratada com uma pomba no ombro direito. Um terço do fundo mostra uma parede interior com painéis de madeira. Suzanne e Claude Spaak viviam em Paris quando a guerra eclodiu em 1939. Após a ocupação nazi da capital francesa, juntou-se à resistência e foi membro da unidade de inteligência "Orquestra Vermelha". Spaak usou a sua considerável fortuna para salvar 163 crianças judias da deportação, escondendo algumas delas em sua casa antes de poderem ser levadas para um local seguro. Em outubro de 1943, os nazis prenderam Spaak juntamente com 600 membros da Orquestra Vermelha. A 12 de agosto de 1944, dias antes da libertação de Paris, a Gestapo executou-a na sua cela. Tinha 38 anos e, desde então, foi homenageada por Israel como uma das Justas entre as Nações pelos seus esforços para salvar o povo judeu. Magritte morreu vítima de cancro do pâncreas a 15 de agosto de 1967 e está sepultado em Bruxelas. A pintura, que está exposta no Museu Magritte, em Bruxelas, raramente foi vista fora da Bélgica em mais de nove décadas. “La Magie Noire” será exibida na Sotheby's Paris entre 17 e 23 de outubro, antes de ser leiloada a 24 de outubro. Fonte: Guardian |