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ARTISTAS AMEAÇAM BOICOTAR BIENAL DE VENEZA POR CAUSA DO PAVILHÃO ISRAELITA2025-10-03![]() Os planos para criar um "pavilhão alternativo" para Israel dentro do histórico Arsenale contornam a questão da sua contínua inclusão no famoso festival de arte, disseram ativistas. Artistas, curadores e trabalhadores culturais ameaçam boicotar a 61ª Bienal de Veneza, com abertura prevista para 9 de maio de 2026, por causa do "convite cúmplice" a Israel. Numa carta aberta enviada aos organizadores da Bienal hoje, 2 de outubro, o grupo ativista anónimo Art Not Genocide Alliance (ANGA), descrito num e-mail à Hyperallergic como um coletivo internacional de artistas, curadores, escritores e trabalhadores da arte, apelou à "exclusão imediata e completa" de Israel da próxima edição. "Após mais de 700 dias de genocídio e 77 anos de ocupação, apartheid e limpeza étnica, o pavilhão deverá permanecer fechado", refere a missiva. A carta cita os 24.000 signatários da petição anterior da ANGA que se opunham à participação de Israel na Bienal de 2024, incluindo centenas de artistas que participaram em Bienais anteriores. "Agora, 18 meses depois, reiteramos a exigência de exclusão imediata e completa de Israel da Bienal de Veneza", refere a carta. A Bienal do ano passado ficou marcada por protestos nos pavilhões israelita e americano. Ruth Patir, a artista selecionada para representar Israel na Bienal, optou por encerrar parcialmente a sua exposição, uma medida que alguns consideraram insuficiente. A última carta da ANGA questiona também a mudança planeada do Pavilhão Israelita para o histórico Complexo Arsenale, citando um anúncio publicado pelo Ministério da Cultura de Israel no final de agosto. A decisão de estabelecer um "pavilhão alternativo" para Israel, segundo o anúncio, deve-se às "remodelações" no seu local permanente nos Giardini, o local tradicional dos pavilhões nacionais desde 1895, onde Israel fica diretamente ao lado dos Estados Unidos. Uma planta e um mapa mostram que o novo espaço expositivo de Israel ficará na Sala d'Armi G, na secção sul do complexo Arsenale. Mas os autores da petição argumentam que o boicote em curso é o verdadeiro motivo da mudança do pavilhão. "Numa altura em que Israel continua a intensificar o seu genocídio com a destruição e invasão terrestre da Cidade de Gaza, após meses de fome forçada, a Bienal deveria ter vergonha de dialogar com os representantes culturais da ocupação israelita", lia-se na carta. Israel optou por não participar na Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano, alegando também que a decisão se devia às renovações no seu pavilhão permanente. Além disso, os críticos apontaram que Israel estava a enfrentar pressão internacional para não participar. Fonte: Artnet News |