Links

NOTÍCIAS


ARQUIVO:

 


PORQUE RAZÃO OS BRONZES DO BENIM ESTÃO A SER DEVOLVIDOS

2025-07-04




A forma como foram devolvidos divergiu. Na maior restituição deste tipo, a Holanda devolveu recentemente 119 Bronzes do Benim ao governo nigeriano — parte de um crescente reconhecimento internacional da pilhagem do património cultural africano na era colonial. Uma semana depois, o Museu de Belas Artes de Boston transferiu mais duas obras do Benim para o Oba do Benim.

É notável que os artefactos do MFA não tenham sido restituídos ao estado da Nigéria, como os da Holanda, mas ao actual monarca do antigo Reino do Benim, cujo trisavô, Ovonramwen, era o Oba na altura do ataque britânico de 1987, que resultou no roubo de muitas das preciosas obras de arte.

Oba Ewuare II, monarca não soberano e guardião da cultura do Benim, descreveu a devolução dos artefactos dos Países Baixos numa cerimónia realizada em Lagos, na Nigéria, como uma "intervenção divina", acrescentando que a restituição é uma prova do poder da oração e da determinação. O governo nigeriano vai agora decidir como e onde as obras serão expostas, de acordo com um comunicado das autoridades holandesas.

Entretanto, na Nigeria House, em Nova Iorque, Matthew Teitelbaum, diretor do MFA, disse estar «satisfeito» por entregar as duas obras do museu — uma cabeça comemorativa em terracota e ferro datada entre os séculos XVI e XVII e uma placa em relevo de bronze representando dois oficiais com espadas em riste do século XVI — ao príncipe Aghatise Erediuwa, que as recebeu em nome de Sua Majestade Real. "Como guardiões destes objetos excepcionais nos últimos 12 anos, é profundamente gratificante vê-los devolvidos ao seu legítimo proprietário", disse Teitelbaum em comunicado.

Estas recentes restituições realçam uma mudança cada vez maior na ética museológica e na política de restituição, e marcam um capítulo importante na longa viagem dos Bronzes do Benim. Existem ainda milhares de artefactos saqueados do palácio pelos britânicos que permanecem em mãos estrangeiras e, como estas duas repatriações sublinham, persistem dúvidas sobre quem os deve receber por direito — o Estado ou a Oba —, bem como sobre a forma como a restituição se concretiza na prática, à medida que aumenta a pressão para que as instituições ocidentais devolvam os objectos saqueados.


Fonte: Artnet News