COLECTIVA
Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa
ARQUIVO:
O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.
JOãO FONTE SANTA
California Dreamin'
STOLEN BOOKS
Avenida Estados Unidos da América 105 garagem
29 FEV - 22 MAR 2024
INAUGURAÇÃO: 29 de Fevereiro às 18h00 na Stolen Books, Lisboa
California Dreamin' de João Fonte Santa
Curadoria: Fernando J. Ribeiro
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No país do capitalismo selvagem, a Califórnia é tida como a imagem por excelência do sonho americano, que consistiria simplesmente num dolce fare niente. É neste registo que a série California Dreamin’ se desenvolve, a partir de fotografias retiradas da internet e apropriadas para a execução de pinturas a óleo. O abandono aos prazeres do corpo e dos sentidos torna-se aqui indissociável da presença da natureza, enquanto único domínio possível para uma fuga perpétua - desde figuras que usam um submarino como prancha de mergulho, a uma casa no interior da floresta, ou um rochedo que vislumbramos como a nossa ilha vindoura.
Com pinceladas largas e compridas, ou manchas que co- brem grandes superfícies, a matéria oleosa produz uma viscosi- dade lânguida que transforma as figuras em criações do próprio espaço pictural. Executadas alla prima, as pinturas perpetuam a dilatação de um tempo que surge como um fluxo, em que o sólido e o líquido, a matéria e a atmosfera são tidas como uma mesma e única substância. Todo o acontecimento ocorre, por- tanto, num vaivém constante entre um aqui e agora do confronto com a matéria pictural, e a imersão num espaço que perde as suas coordenadas, para se manifestar apenas enquanto interior absoluto, que é o campo horizontal da fantasia. Neste espaço incerto toda a geografia pode ser constituída por uma única cor, que, como as atmosferas crepusculares ou noturnas, autonomiza um campo do imaginário que urge proteger.
Quando a alienação provocada pelo trabalho mecanizado instiga à premência do ócio como estratégia de sobrevivência, torna-se imperativa a imersão em espaços cuja invisibilidade pública é sinónimo de segurança. A libertação através do isolamento será consumada nos lúbricos lugares sem lugar da pintura, de onde as figuras nunca se irão ausentar - enquanto a noção de realidade se cingir à mecanização universal, we keep on dreamin’.