Links

PERSPETIVA ATUAL


MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova Iorque


MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova Iorque


MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova Iorque


MoMA - Museu de Arte Moderna de Nova Iorque


Piet Mondrian


“Perception Restrained”


“Perception Restrained”


“Brice Marden – A Retrospective of Paintings and Drawings”


“Out of Time: a contemporary view”


Robert Morris, “Blind Drawings”


Andy Warhol, “Empire”


Kota Ezawa, “The Simpson Veredict”, 2002


Monika Sosnowska, “Project 83”


Eija-Liisa Ahtila, “The Wind”, 2002


“Eye on Europe: Prints, Books & Multiples/1960 to Now”

Outros artigos:

2024-04-13


FÁTIMA LOPES CARDOSO


2024-03-04


PEDRO CABRAL SANTO


2024-01-27


NUNO LOURENÇO


2023-12-24


MAFALDA TEIXEIRA


2023-11-21


MARC LENOT


2023-10-16


MARC LENOT


2023-09-10


INÊS FERREIRA-NORMAN


2023-08-09


DENISE MATTAR


2023-07-05


CONSTANÇA BABO


2023-06-05


MIGUEL PINTO


2023-04-28


JOÃO BORGES DA CUNHA


2023-03-22


VERONICA CORDEIRO


2023-02-20


SALOMÉ CASTRO


2023-01-12


SARA MAGNO


2022-12-04


PAULA PINTO


2022-11-03


MARC LENOT


2022-09-30


PAULA PINTO


2022-08-31


JOÃO BORGES DA CUNHA


2022-07-31


MADALENA FOLGADO


2022-06-30


INÊS FERREIRA-NORMAN


2022-05-31


MADALENA FOLGADO


2022-04-30


JOANA MENDONÇA


2022-03-27


JEANNE MERCIER


2022-02-26


PEDRO CABRAL SANTO


2022-01-30


PEDRO CABRAL SANTO


2021-12-29


PEDRO CABRAL SANTO


2021-11-22


MANUELA HARGREAVES


2021-10-28


CARLA CARBONE


2021-09-27


PEDRO CABRAL SANTO


2021-08-11


RITA ANUAR


2021-07-04


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-05-30


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-04-28


CONSTANÇA BABO


2021-03-17


VICTOR PINTO DA FONSECA


2021-02-08


MARC LENOT


2021-01-01


MANUELA HARGREAVES


2020-12-01


CARLA CARBONE


2020-10-21


BRUNO MARQUES


2020-09-16


FÁTIMA LOPES CARDOSO


2020-08-14


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-07-21


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-25


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-09


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-05-21


MANUELA HARGREAVES


2020-05-01


MANUELA HARGREAVES


2020-04-04


SUSANA GRAÇA E CARLOS PIMENTA


2020-03-02


PEDRO PORTUGAL


2020-01-21


NUNO LOURENÇO


2019-12-11


VICTOR PINTO DA FONSECA


2019-11-09


SÉRGIO PARREIRA


2019-10-09


LUÍS RAPOSO


2019-09-03


SÉRGIO PARREIRA


2019-07-30


JULIA FLAMINGO


2019-06-22


INÊS FERREIRA-NORMAN


2019-05-09


INÊS M. FERREIRA-NORMAN


2019-04-03


DONNY CORREIA


2019-02-15


JOANA CONSIGLIERI


2018-12-22


LAURA CASTRO


2018-11-22


NICOLÁS NARVÁEZ ALQUINTA


2018-10-13


MIRIAN TAVARES


2018-09-11


JULIA FLAMINGO


2018-07-25


RUI MATOSO


2018-06-25


MARIA DE FÁTIMA LAMBERT


2018-05-25


MARIA VLACHOU


2018-04-18


BRUNO CARACOL


2018-03-08


VICTOR PINTO DA FONSECA


2018-01-26


ANA BALONA DE OLIVEIRA


2017-12-18


CONSTANÇA BABO


2017-11-12


HELENA OSÓRIO


2017-10-09


PAULA PINTO


2017-09-05


PAULA PINTO


2017-07-26


NATÁLIA VILARINHO


2017-07-17


ANA RITO


2017-07-11


PEDRO POUSADA


2017-06-30


PEDRO POUSADA


2017-05-31


CONSTANÇA BABO


2017-04-26


MARC LENOT


2017-03-28


ALEXANDRA BALONA


2017-02-10


CONSTANÇA BABO


2017-01-06


CONSTANÇA BABO


2016-12-13


CONSTANÇA BABO


2016-11-08


ADRIANO MIXINGE


2016-10-20


ALBERTO MORENO


2016-10-07


ALBERTO MORENO


2016-08-29


NATÁLIA VILARINHO


2016-06-28


VICTOR PINTO DA FONSECA


2016-05-25


DIOGO DA CRUZ


2016-04-16


NAMALIMBA COELHO


2016-03-17


FILIPE AFONSO


2016-02-15


ANA BARROSO


2016-01-08


TAL R EM CONVERSA COM FABRICE HERGOTT


2015-11-28


MARTA RODRIGUES


2015-10-17


ANA BARROSO


2015-09-17


ALBERTO MORENO


2015-07-21


JOANA BRAGA, JOANA PESTANA E INÊS VEIGA


2015-06-20


PATRÍCIA PRIOR


2015-05-19


JOÃO CARLOS DE ALMEIDA E SILVA


2015-04-13


Natália Vilarinho


2015-03-17


Liz Vahia


2015-02-09


Lara Torres


2015-01-07


JOSÉ RAPOSO


2014-12-09


Sara Castelo Branco


2014-11-11


Natália Vilarinho


2014-10-07


Clara Gomes


2014-08-21


Paula Pinto


2014-07-15


Juliana de Moraes Monteiro


2014-06-13


Catarina Cabral


2014-05-14


Alexandra Balona


2014-04-17


Ana Barroso


2014-03-18


Filipa Coimbra


2014-01-30


JOSÉ MANUEL BÁRTOLO


2013-12-09


SOFIA NUNES


2013-10-18


ISADORA H. PITELLA


2013-09-24


SANDRA VIEIRA JÜRGENS


2013-08-12


ISADORA H. PITELLA


2013-06-27


SOFIA NUNES


2013-06-04


MARIA JOÃO GUERREIRO


2013-05-13


ROSANA SANCIN


2013-04-02


MILENA FÉRNANDEZ


2013-03-12


FERNANDO BRUNO


2013-02-09


ARTECAPITAL


2013-01-02


ZARA SOARES


2012-12-10


ISABEL NOGUEIRA


2012-11-05


ANA SENA


2012-10-08


ZARA SOARES


2012-09-21


ZARA SOARES


2012-09-10


JOÃO LAIA


2012-08-31


ARTECAPITAL


2012-08-24


ARTECAPITAL


2012-08-06


JOÃO LAIA


2012-07-16


ROSANA SANCIN


2012-06-25


VIRGINIA TORRENTE


2012-06-14


A ART BASEL


2012-06-05


dOCUMENTA (13)


2012-04-26


PATRÍCIA ROSAS


2012-03-18


SABRINA MOURA


2012-02-02


ROSANA SANCIN


2012-01-02


PATRÍCIA TRINDADE


2011-11-02


PATRÍCIA ROSAS


2011-10-18


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-09-23


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-07-28


PATRÍCIA ROSAS


2011-06-21


SÍLVIA GUERRA


2011-05-02


CARLOS ALCOBIA


2011-04-13


SÓNIA BORGES


2011-03-21


ARTECAPITAL


2011-03-16


ARTECAPITAL


2011-02-18


MANUEL BORJA-VILLEL


2011-02-01


ARTECAPITAL


2011-01-12


ATLAS - COMO LEVAR O MUNDO ÀS COSTAS?


2010-12-21


BRUNO LEITÃO


2010-11-29


SÍLVIA GUERRA


2010-10-26


SÍLVIA GUERRA


2010-09-30


ANDRÉ NOGUEIRA


2010-09-22


EL CULTURAL


2010-07-28


ROSANA SANCIN


2010-06-20


ART 41 BASEL


2010-05-11


ROSANA SANCIN


2010-04-15


FABIO CYPRIANO - Folha de S.Paulo


2010-03-19


ALEXANDRA BELEZA MOREIRA


2010-03-01


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-02-17


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-01-26


SUSANA MOUZINHO


2009-12-16


ROSANA SANCIN


2009-11-10


PEDRO NEVES MARQUES


2009-10-20


SÍLVIA GUERRA


2009-10-05


PEDRO NEVES MARQUES


2009-09-21


MARTA MESTRE


2009-09-13


LUÍSA SANTOS


2009-08-22


TERESA CASTRO


2009-07-24


PEDRO DOS REIS


2009-06-15


SÍLVIA GUERRA


2009-06-11


SANDRA LOURENÇO


2009-06-10


SÍLVIA GUERRA


2009-05-28


LUÍSA SANTOS


2009-05-04


SÍLVIA GUERRA


2009-04-13


JOSÉ MANUEL BÁRTOLO


2009-03-23


PEDRO DOS REIS


2009-03-03


EMANUEL CAMEIRA


2009-02-13


SÍLVIA GUERRA


2009-01-26


ANA CARDOSO


2009-01-13


ISABEL NOGUEIRA


2008-12-16


MARTA LANÇA


2008-11-25


SÍLVIA GUERRA


2008-11-08


PEDRO DOS REIS


2008-11-01


ANA CARDOSO


2008-10-27


SÍLVIA GUERRA


2008-10-18


SÍLVIA GUERRA


2008-09-30


ARTECAPITAL


2008-09-15


ARTECAPITAL


2008-08-31


ARTECAPITAL


2008-08-11


INÊS MOREIRA


2008-07-25


ANA CARDOSO


2008-07-07


SANDRA LOURENÇO


2008-06-25


IVO MESQUITA


2008-06-09


SÍLVIA GUERRA


2008-06-05


SÍLVIA GUERRA


2008-05-14


FILIPA RAMOS


2008-05-04


PEDRO DOS REIS


2008-04-09


ANA CARDOSO


2008-04-03


ANA CARDOSO


2008-03-12


NUNO LOURENÇO


2008-02-25


ANA CARDOSO


2008-02-12


MIGUEL CAISSOTTI


2008-02-04


DANIELA LABRA


2008-01-07


SÍLVIA GUERRA


2007-12-17


ANA CARDOSO


2007-12-02


NUNO LOURENÇO


2007-11-18


ANA CARDOSO


2007-11-17


SÍLVIA GUERRA


2007-11-14


LÍGIA AFONSO


2007-11-08


SÍLVIA GUERRA


2007-11-02


AIDA CASTRO


2007-10-25


SÍLVIA GUERRA


2007-10-20


SÍLVIA GUERRA


2007-10-01


TERESA CASTRO


2007-09-20


LÍGIA AFONSO


2007-08-30


JOANA BÉRTHOLO


2007-08-21


LÍGIA AFONSO


2007-08-06


CRISTINA CAMPOS


2007-07-15


JOANA LUCAS


2007-07-02


ANTÓNIO PRETO


2007-06-21


ANA CARDOSO


2007-06-12


TERESA CASTRO


2007-06-06


ALICE GEIRINHAS / ISABEL RIBEIRO


2007-05-22


ANA CARDOSO


2007-05-12


AIDA CASTRO


2007-04-24


SÍLVIA GUERRA


2007-04-13


ANA CARDOSO


2007-03-26


INÊS MOREIRA


2007-03-07


ANA CARDOSO


2007-03-01


FILIPA RAMOS


2007-02-21


SANDRA VIEIRA JURGENS


2007-01-28


TERESA CASTRO


2007-01-16


SÍLVIA GUERRA


2006-12-15


CRISTINA CAMPOS


2006-12-07


ANA CARDOSO


2006-12-04


SÍLVIA GUERRA


2006-11-28


SÍLVIA GUERRA


2006-11-13


ARTECAPITAL


2006-10-30


SÍLVIA GUERRA


2006-10-29


SÍLVIA GUERRA


2006-10-27


SÍLVIA GUERRA


2006-10-11


ANA CARDOSO


2006-09-25


TERESA CASTRO


2006-09-03


ANTÓNIO PRETO


2006-08-17


JOSÉ BÁRTOLO


2006-07-24


ANTÓNIO PRETO


2006-07-06


MIGUEL CAISSOTTI


2006-06-14


ALICE GEIRINHAS


2006-06-07


JOSÉ ROSEIRA


2006-05-24


INÊS MOREIRA


2006-05-10


AIDA E. DE CASTRO


2006-04-05


SANDRA VIEIRA JURGENS



BEING MODERN @ MOMA



ANA CARDOSO

2006-11-07




O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque – MoMA – desde a renovação e reabertura em 2004, depois de ter sido redesenhado e ampliado pelo arquitecto japonês Yoshio Taniguchi, tem a colecção e novas aquisições estruturadas nos seguintes núcleos: Pintura e Escultura; Desenho; Filme e Media; Fotografia; Design e Arquitectura; Gravura e Ilustração. Recentemente, Filme e Media passaram a ocupar departamentos distintos, com Klaus Bisenbach a dirigir Media, que acumula com as funções de chief-curator do PS1 e Director do KW – Kunst-Werke, em Berlim.


O espaço inaugurado em 2004 inclui as galerias dedicadas às exposições de arte contemporânea, as que apresentam exposições monográficas ou temáticas de arte moderna, as inúmeras salas por onde circulam as peças da colecção permanente, um espaço para projectos contemporâneos (que incluiu cerca de 200 artistas); uma livraria, uma loja com peças de design e livros, dois cafés, um restaurante de luxo; o jardim das esculturas (que mantém o desenho original de 1953, de Philip Johnson); salas de cinema e conferências onde diariamente passam filmes experimentais, vídeos, clássicos, cinema de autor, cinema independente americano, europeu e ante-estreias; onde têm lugar várias conversas entre comissários, historiadores, críticos e artistas sobre os temas relacionados com a programação e a actualidade; e os centros de investigação, educação e arquivos, que funcionam paralelamente com o museu aberto ao público. O MoMA é uma das principais instituições culturais nova-iorquinas e estima-se que, entre a inauguração em 2004 e meados de 2007, o museu tenha um impacto de 2 biliões de dólares na economia da cidade.


O edifício mantém a lógica anterior: a dedicação sistemática à ideia fundadora (foi inaugurado em 1929), de ser o museu de arte moderna maior e mais avançado do mundo, onde a arte contemporânea está acessível nas suas mais variadas técnicas e manifestações.


O MoMA tende a albergar toda a produção artística, que actualmente parece sobretudo feita para se enquadrar num museu. Isso define implicitamente que tudo aquilo que, mais cedo ou mais tarde, não for incorporado, não é referencial. Para diminuir a tendência elitista inevitável e contornar o problema criado por este paradoxo, o MoMA juntou-se, em 2000, ao PS1, dedicado a propostas mais contemporâneas, marginais, conceptuais, inclusivas, pós-modernas e site-specific ou trans-media.


A colecção do MoMA é extensa e extremamente importante (150 000 pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias, maquetes e desenhos de arquitectos e objectos de design; 22 000 filmes e quatro milhões de film stills; 300 000 livros, livros de artista, periódicos e extensas fichas individuais de 70 000 artistas). Os arquitectos suíços Herzog e De Meuron, na instalação “Perception Restrained” (até 25-09), parte da “Artist’s Choice Series” – que convida artistas a comissariar a colecção do MoMA, como forma de lhe imprimirem a sua visão fora da norma curatorial – escolheram, na qualidade de primeiros arquitectos do projecto, a percepção como tema da sua organização.


De forma literalmente diferente, organizaram a densa colecção através de dispositivos espaciais que, segundo eles, reflectem o mundo contemporâneo. As actuais hierarquias das artes visuais circulam em volta do cinema e dos new media – violência e sexo – e mereceram o tecto da sala central (uma grelha de monitores LCD mostravam clips de filmes e vídeos seleccionados da colecção “Film and Media”), de onde, na penumbra, podíamos olhar através de frinchas ou visores os objectos da colecção (pinturas, esculturas, peças de design, livros, impressões, fotografia, etc.) amontoados e assepticamente arquivados em salas apostas.


As actuais exposições voltam à normalidade expositiva e pedagógica através de uma boa e clássica compreensão espacial, neutralizando o que a arquitectura, num momento de delírio artístico e utópico, decidiu testar.


Entramos no mundo de Brice Marden tal como saímos. A extensa retrospectiva (“Brice Marden – A Retrospective of Paintings and Drawings”) de um dos últimos pintores da escola de Nova Iorque, na linha dura do expressionismo abstracto – ou seja, poético, místico, romântico, eremita e evocador de Greenberg – começa na década de 60, com a série que parece ser o resultado de um cobrir de pinturas antigas e figurativas com cores monocromáticas, cinzentas e anónimas. Estas cores cobrem porque as pinturas monocromáticas têm nomes, referem-se à história de arte, a lugares ou a pessoas que projectam tenuemente na nossa imaginação outros lugares e pessoas e são, segundo o pintor, uma resolução de problemas pictóricos propostos nas pinturas antigas. A forte impressão de que algo está a cobrir funciona porque a tinta é aveludada e atmosférica, ou seja, plana mas com várias camadas de pigmento em suspensão no óleo e cera de abelha. Os títulos são variados, como “Nebraska” (64), “D’Après la Marquise de la Solana” (69), da pintura com o mesmo nome, de Goya, ou “Star (for Patti Smith)” (72-73), e percebe-se a importância da cor difusa e evanescente de Rothko. No final dos anos 70, as pinturas sofrem uma alteração e passam, de objecto arquitectural, derivativo de uma grelha monocromática, para o que passou a ser a única imagem perseguida pelo pintor – camadas em movimento ondulante, fechado no plano da tela. O interesse último do pintor abstracto é a imagem enquanto tinta e cor e, apesar de as suas referências serem reais, as suas pinturas são imagens de uma ética programática, de uma filosofia assente na intangibilidade de qualquer imagem. Entre a série “Cold Mountain” da década de 80 – que remete para a monumentalidade do gesto caligráfico (no seguimento de Pollock e De Kooning e a lembrar Cy Twombly) e onde ecoa a monumentalidade sublime da paisagem americana – e a mais recente série de pinturas de 2000-06, “The Propitious Garden of Plane Image”, há apenas uma repetição de certezas ou mesmo de incertezas, onde o gesto se transforma lentamente na imagem de si próprio, porque a cor e a gestão cinematográfica do olhar prevalecem. Segundo a assistente que fazia a visita guiada no momento em que eu estava lá, o conjunto de pintura mais recente assenta numa série de coincindências de equlíbrio formal entre as seis cores do espectro vísivel, acasos de numerologia e inspiração de pedras chinesas, complementaridades de cor e outras complexidades simples mas irresistíveis e eficientes, que a pintura moderna pretende alcançar, com um mérito de tarefa quase mitológica. A nota mais impressionante da retrospectiva é a repetição meditativa e opaca, na busca da cor, através da re-elaboração da mesma pintura, mantida com perseverança no seu grau zero, apesar da explosão iminente de linhas frenéticas.


Lawrence Wiener preencheu a entrada do museu com uma frase ou interrupção verbal, que seria poética se não fosse Wiener. Os objectivos de L.W., apesar de poderem passar por jogos linguísticos ou formais subtis, são revolucionários e, embora à primeira vista possam parecer contemplativos, rompem logo a possibilidade de entendimento contemplativo. O texto, que ocupa uma parede de vários metros, diz: ROCKS UPON THE BEACH SAND UPON THE ROCKS.


“Out of Time: a contemporary view”, nas galerias de arte contemporânea, reorganiza a colecção de arte contemporânea dando-lhe uma perspectiva não-cronológica, não-temática, assente na ideia contemporânea de tempo, na sua importância para a criação artística (como nos “Blind Drawings” de Robert Morris) e para a percepção de certas obras (como “Empire” de Warhol), e com a sua passagem a marcar momentos históricos (como na animação digital “The Simpson Veredict”, de 2002, de Kota Ezawa, ou na série “October 18, 1977”, de 1988, de Gerhard Richter). Interessa aos comissários desta exposição (Joachim Pissarro e Eva Respini) o tempo que flui, que é anárquico, catalizador, acelerado, repetido, suspenso, atrasado, memorizado, que gera deslocações e alterações vividas socialmente.


Numa sala contígua, “Project 83” introduz Monika Sosnowska (n. 1972) no contexto nova-iorquino. A artista polaca utiliza a sala dedicada ao projecto e intervém especificamente na arquitectura, criando o cenário de um acontecimento improvável: um buraco no tecto da sala do museu, com os estilhaços espalhados pelo chão. A “Project Series” foi criada em 1971, como fórum para artistas emergentes e novas formas de arte, e assume um papel central na programação dedicada à arte contemporânea.


“The Wind” (2002, 14’) da artista finlandesa Eija-Liisa Ahtila, projectado em ecrã triplo na media gallery, é apenas um dos cinco capítulos que constituem o filme em 35 mm “Love is a Treasure” (2002, 55’), que passa numa sala de cinema do MoMA. Os cinco capítulos contam histórias de mulheres, num cruzamento entre ficção e realidade, em que as personagens entram e saem do momento presente, pela ansiedade da sua visão – os seus ambientes são vistos por elas como absurdos. “The Wind” é multifacetado, fala de amor e política, globalização, solidão e depressão, imaginação e realidade. A mulher fala para a câmara e tanto interage com os outros personagens apagados, como os ignora e continua a contar a sua história. Fala da raiva que a faz destruir perversamente a própria casa e morder as próprias mãos, e acaba com a confissão da melancolia que a leva a uma posição impossível do ponto de vista gravitacional, sentada no alto de uma parede. O capítulo é projectado em três ecrãs justapostos, que dão conta de três perspectivas diferentes sobre a cena: personagens; cenário; pormenores ou elementos ambíguos.


“New Photography” é o projecto que apresenta anualmente trabalhos significativos da fotografia contemporânea e que, este ano, junta três europeus: Jonathan Monk, com projecções de slides que misturam momentos familiares e referências históricas, numa dupla série de imagens e texto, resultantes da explicação dessincronizada das imagens, pela irmã do artista; Barbara Probst auto-retrata-se através de um sistema rádio que faz disparar várias câmaras colocadas milimetricamente e de forma díspar, que captam as diferentes verdades do lugar – a artista está numa ilha tropical, mas não, afinal está no terraço de um arranha-céus, com um poster de uma ilha tropical por trás; e Jules Spinatsch apresenta “Temporary Discomfort”, onde documenta as cidades de Génova, Davos, Nova Iorque e Genebra durante os Fóruns Económicos Mundiais de 2001 e 2003.


“Eye on Europe: Prints, Books & Multiples/1960 to Now”, visa dar conta de toda a arte que, na contemporaneidade ou modernidade recente – nos últimos 45 anos – utiliza a impressão como veículo de comunicação ou é parte integrante de acontecimentos e performances. A importância dos cartazes, da Pop, o fascínio do papel de parede, a importância dos livros de artista, e as impressões como veículo de multiplicidade e democracia. O valor da impressão da linguagem para o confronto de ideias, para a arte conceptual, para Daniel Buren, Kippenberger, Beuys, Damien Hirst e muitos outros.


“Manet and the Execution of Maximilian” será já a próxima inauguração do MoMA (15 de Novembro), onde serão mostradas as várias pinturas que o pintor dedicou ao tema da execução do Imperador em 1867, no México, segundo o facto relatado e que, até 1869, derivou o seu interesse do facto de representar a cena de maneira literal.


“OMA in Beijing: China Central Television Headquarters, by Ole Scheeren and Rem Koolhaas”, inaugura no mesmo dia e pretende mostrar a complexidade inovadora do projecto de arquitectura, media e design que está neste momento a ser edificado a este da Cidade Proibida de Pequim.



Ana Cardoso