Links

EXPOSIÇÕES ATUAIS


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, GOD DOG / DOG GOD, para António Dias, 2021-2022 (série palíndromos). Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, Comprimido, 2021 (série fotocópias). Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, Comprimido, 2021 (série fotocópias). Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, oco (série palíndromos), 2021. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, oco (série palíndromos), 2021. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, oco (série palíndromos), 2021. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, oco (série palíndromos), 2022. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Vista da exposição ABASEDOTETODESABA, Carlos Nunes. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.


Carlos Nunes, Infinito 2022. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.

Outras exposições actuais:

COLECTIVA

ANAGRAMAS IMPROVÁVEIS. OBRAS DA COLEÇÃO DE SERRALVES


Museu de Serralves - Museu de Arte Contemporânea, Porto
CONSTANÇA BABO

JOÃO BRAGANÇA GIL

TROUBLE IN PARADISE


Projectspace Jahn und Jahn e Encounter, Lisboa
CATARINA PATRÍCIO

JOÃO PIMENTA GOMES

ÚLTIMOS SONS


Galeria Vera Cortês, Lisboa
MADALENA FOLGADO

COLECTIVA

PERCEPÇÕES E MOVIMENTOS


Galeria Presença (Porto), Porto
CLÁUDIA HANDEM

MARIA LAMAS

AS MULHERES DE MARIA LAMAS


Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
FÁTIMA LOPES CARDOSO

PEDRO TUDELA

R!TM0


Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, Santo Tirso
CLÁUDIA HANDEM

COLECTIVA

COLIBRI EM CHAMAS


ZARATAN - Arte Contemporânea , Lisboa
FILIPA ALMEIDA

MARTÍN LA ROCHE

MAGIC BOX


Printed Matter / St Marks, Nova Iorque
CATARINA REAL

ANDRÉ ROMÃO

CALOR


Museu de Serralves - Museu de Arte Contemporânea, Porto
SANDRA SILVA

WIM WENDERS

ANSELM - O SOM DO TEMPO


Cinemas Portugueses,
RICHARD LAURENT

ARQUIVO:


CARLOS NUNES

ABASEDOTETODESABA




3 + 1 ARTE CONTEMPORÂNEA
Largo Hintze Ribeiro 2E-F
1250 – 122 Lisboa, Portugal

23 SET - 05 NOV 2022


 

 

Ao entrarmos na galeria, 3+1 Arte Contemporânea, para ver a exposição de Carlos Nunes, ABASEDOTETODESABA, deparamo-nos com a série palíndromos, GOD DOG/DOG GOD.

Este contacto prévio com a série faz-se momentos antes de entrarmos na galeria.

A montra, que compreende um vidro amplo, e extenso, ocupa a fachada da 3+1, e deixa revelar, já no exterior, a série de imagens realizadas entre 2021 e 2022.

Ao penetrar no espaço interior da galeria confrontamo-nos instantaneamente com a peça escultórica Biruta (2022) e mais adiante, à direita, com a peça Pipa (2022), esta última que mais parece um papagaio de papel suspenso por um fio cor-de-rosa vivo. Tanto Biruta quanto Pipa sugerem uma ideia de estruturas vulneráveis, sujeitas a qualquer um que as derrube, pela fragilidade que apresentam, ou, de súbito, a serem tocadas por um elemento exterior, que as faça alterar, desmantelar-se, como o vento o faz.

 

Carlos Nunes, Biruta, 2022. Madeira, plástico, linha, bola de ping-pong, pedra. Dimensões variáveis. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.

 


As peças anunciam uma ideia do efémero, do dúctil, de um movimento em potência, ou de uma transformação imanente. As suas estruturas convocam para o exercício do jogo, para o agenciamento dos elementos constituintes da estrutura. São elementos que fazem parte de uma estrutura, participam de um todo mas, ao mesmo tempo, não perdem a sua identidade, a sua condição de elementos independentes, uns dos outros, e que podem existir autonomamente.

Também já no tempo do movimento De Stijl se fazia assim, os componentes de uma composição ou estrutura traduziam-se em elementos geométricos básicos, posicionados muitas vezes de modo assimétrico, e reforçados por uma paleta que se resumia à aplicação das cores primárias, umas vezes, e de cores secundárias, outras vezes.

A exposição de Nunes compreende uma experiência formal de linhas horizontais, verticais, e oblíquas, mas não sem tirar a atenção do papel social da arte, e de uma possível influência no futuro.

As primeiras impressões do lugar são justamente essas, as de uma sugestão de lugares paralelos ao mundo em que vivemos, alternativos a um mundo que se vislumbra, cada vez mais, obscuro e pesado. Uma fuga por lugares de brincadeira e jogo, que nos faça sair destes tempos em que vivemos e que sabemos nos colocarão a todos à prova. É impossível não recuarmos às brincadeiras da infância, e à evasão que se verificava quando, em pequenos, procurávamos lançar o papagaio de papel no ar, na esperança que se sustivesse, o mais tempo possível, ao sabor do vento, e a inaugurar os seus bailados.

Em Pipa, 2022, no entanto, a sua estrutura em papel de seda, com padrões feitos de triângulos a amarelo, parece, apesar de suspenso, um pouco aliquebrado, e algo vencido.

Biruta, por sua vez, aparenta um certo equilíbrio, mas revela, ao mesmo tempo, a possibilidade de, a qualquer momento, ser desmoronada, e os seus componentes, serem desintegrados, por serem leves, com as suas finas hastes.

A peça ABASEDOTETODESABA, de 2022, que dá nome à exposição, é outro dos elementos que reforçam a vulnerabilidade revelada nos trabalhos de Nunes para esta exposição. Um grande barrote de pinho encontra-se apoiado sobre uma das paredes, de modo oblíquo.

 

Carlos Nunes, ABASEDOTETODESABA, 2022 (série palíndromos). Barrote de pinho. 355x16x8 cm. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.

 

 

A aparentar a mesma condição, encontramos uma outra peça, chamada OMISSISSIMO. A peça, inclinada, como a sua gigante ABASEDOTETODESABA, é constituída por uma vara fina de madeira, finalizada depois, nas suas pontas, por duas bolas de ping pong, uma branca na base e uma outra amarela, em contacto com a parede.

Todas estas peças parecem compreender uma alternativa à condição do mundo. Uma opção lúdica, através do jogo. Para Johan Huizuiga era como se esse mesmo jogo “se situasse fora da sensatez da vida prática, em que nada teria a ver com a necessidade ou a utilidade, com o dever ou com a verdade”. Mas com algo que superasse o tangível, algo mais próximo da poesia, e do ritualismo na arte.

 

Carlos Nunes, OMISSISSIMO, 2022 (série palíndromos). Madeira e bolas de ping-pong. 83x4x4 cm. Cortesia 3+1 Arte Contemporânea. © Bruno Lopes.

 

 

Nas peças de Carlos Nunes vemos um todo transitório, a “passagem das imagens para outras imagens”, ou até o olhar através dessas imagens, como em Biruta, que ostenta, dependurado, uma película rectangular translúcida, no topo de uma das hastes de metal fino.

Na película azulada, rectangular e translúcida, propõe-se a metamorfoses, a transições, ao acto da revelação, como se de uma imagem fotográfica se tratasse?

As propriedades translúcidas dos materiais acusam a importância que a luz tem para o artista, e reforçam a ideia de Nunes em capturar as coisas impalpáveis. Não temos o poder de deter, mas antecipamos os elementos. Sentimos o vento, e sentimos a gravidade.

E com isto não poderia deixar de mencionar Kandinsky e a obra “Do espiritual da arte”. Para o artista não se podia “cristalizar materialmente, aquilo que não existia materialmente”. Só a intuição”, dizia, “pode reconhecer as coisas espirituais”, que “levarão ao reino do futuro”. Mais além, esclarece “O talento do artista traça o caminho”, e, ao falar de Ciência, Kandinsky ainda diz, “que não existem fortalezas invencíveis”.

 



CARLA CARBONE