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MARTINE ROBIN - CHÂTEAU DE SERVIÈRES


Martine Robin, directora da Associação Château de Servières, em Marselha, foi entrevistada durante uma visita a Lisboa, por ocasião da Abertura de Ateliês de Artistas na cidade. A Château de Servières, fundada em 1988, com ligação a um centro social, saiu do lugar que lhe deu nome (quando o centro fechou) para hoje partilhar um edifício com os ateliês municipais da cidade. A associação dirigida por Martine Robin não está ligada aos ateliês, mas já aconteceu surgir interesse pelo trabalho desenvolvido por alguns artistas o que resultou na organização de uma exposição.

A produzir cinco exposições por ano, num espaço com cerca de 300 metros quadrados, esta associação sem fins lucrativos, assume-se primordialmente como plataforma de mediação para públicos afastados do contexto artístico e é desta forma que obtém a maior parte dos seus apoios. Com uma equipa de apenas duas pessoas, este centro de arte é responsável por duas iniciativas cruciais na criação de dinâmicas e entrecruzamentos na cidade: a Ouverture d’Ateliers e a posterior feira: À Vendre (para venda) e 20 ans: 20 artistes - 20 entreprises. A Abertura dos Ateliês tem vindo a crescer e a evoluir, permitindo a inclusão de artistas estrangeiros, nomeadamente vindos de Portugal e da Irlanda (através de um programa de residências cruzadas). Já a iniciativa 20 artistes - 20 entreprises é conduzida e focada naquela que é uma das missões mais queridas desta associação: uma introdução às artes plásticas dirigida a colaboradores de empresas que acolhem artistas para residências no seu espaço de trabalho.

Novembro de 2011
Por Patrícia Trindade



P: Podemos começar por uma apresentação da associação Château de Servières. A vossa história, a equipa e percurso, que não é de todo linear, até ao local onde agora estão abertos ao público.

R: A associação Château de Servières tem uma longa história e o seu nome está relacionado com o castelo onde iniciou actividade em 1988. O projecto é excepcional em muitos aspectos e é a única galeria criada num centro social, em França. É uma utopia que dura há quase vinte anos e que tinha como primeira visão a partilha da arte ao maior número de pessoas possível apoiando-nos naquilo a que hoje se chama mediação cultural... Desde a primeira exposição, proposta de forma intuitiva, mas baseada em experiências no terreno e com muito bom senso, a ideia era que as pessoas mais afastadas da cultura pudessem confrontar-se com a arte perto das suas casas, beneficiando de um acompanhamento na descoberta.

Fazer parte integrante de uma estrutura social permite trabalhar projectos artísticos e ligá-los a problemáticas sociais de outros sectores, sem, no entanto, produzir obras para públicos ditos em dificuldade. Estas obras respondem, pelo contrário, a exigências de qualidade que rivalizam com as apresentadas nas galerias clássicas do centro da cidade. E continuamos a favorecer projectos específicos que contem com a presença do artista e com tudo o que isso gera em termos de questionamento, porque a arte pode estar ligada a questões que podem ser trazidas para debate e não ter nada a ver com qualquer utilidade ou contenda social.

Depois do encerramento dessa estrutura saímos do centro da cidade mas a nossa missão principal manteve-se e prosseguimos o nosso trabalho com os habitantes dos bairros periféricos de Marselha. Tínhamos imaginado novos projectos, como o que reconduzimos todos os anos desde 2009, que propõe residências artísticas nas empresas ou outro, o projecto Tremplins, que está orientado pelo centro social Sto. Gabriel, que reúne inúmeros parceiros no terreno como o Teatro Le Merlan…

Portanto, com uma equipa muito reduzida, uma directora e uma mediadora cultural, apoiadas pontualmente por um técnico e estagiários, propomos um programa ambicioso de quatro a cinco exposições anuais, complementado por uma série de iniciativas de mediação cultural com visitas comentadas e ateliês de práticas artísticas realizados a partir das temáticas das exposições e adaptados em função dos diversos públicos.


P: A associação está, neste momento, localizada no edifício onde também funcionam os Ateliers d’Artistes de la Ville de Marseille, no entanto, a vossa galeria trabalha de forma independente. Têm algum projecto em comum?

R: Nós beneficiamos, de facto, a partir de 2008, do espaço de exposição dos Ateliers d’Artistes e temos como vizinhos cinco dos dez artistas seleccionados para ocupar os ateliês municipais. A gestão da nossa associação é totalmente autónoma. Tenho uma participação no comité d’experts, que reúne de dois em dois anos para seleccionar novos residentes, mas é claro que a proximidade e a qualidade do trabalho destes artistas potenciam a criação de ligações, podendo dar lugar a mostras como foi o caso no Outono de 2009 com a organização da exposição Parking Lot Dahlias e a publicação epónima publicada no Semaine, uma revista semanal de arte contemporânea, que englobava a residência dos nove artistas da edição anterior. Existem também os encontros, os serviços recíprocos e as idas e vindas quotidianas entre as duas entidades. Estes artistas participam regularmente na iniciativa Ouvertures d’Ateliers iniciada há 13 anos pela nossa associação.


P: Organizam, então, cinco exposições por ano. São todas projectos independentes?

R: A nossa programação alterna exposições monográficas e colectivas. Para as exposições de grupo, apresentamos dois a cinco artistas emergentes ou consagrados, reunidos em torno de uma temática comum. Normalmente, elas desenham-se ao sabor de encontros com a densa cena artística de Marselha e da sua região, de onde são originários, apesar de não exclusivamente, a maioria dos artistas. Depois de cada temporada podemos definir uma linha artística que não se extingue num programa anual.


P: A mediação é um elemento fulcral em todos os vossos projectos. Quem é agora, o vosso público-alvo?

R: Nós apoiamos a criação artística e os artistas e desenvolvemos paralelamente uma série de propostas de mediação cultural que nos parece essencial para o nosso trabalho de difusão.

A qualquer pessoa que atravesse a porta da galeria é oferecido um acompanhamento à visita e para grupos propomos um módulo de 1h30 para a descoberta de uma selecção de obras sob a forma de um diálogo seguido de um tempo de manipulação plástica no ateliê que permita descobrir técnicas e promover um esclarecimento sobre as obras vistas na exposição.


P: A Martine organiza vários eventos ligados a residências artísticas : as residências cruzadas, o programa 20 artistes - 20 entreprises (20 artistas - 20 empresas), as aberturas dos ateliês (ligado ao projecto À Vendre). Qual o balanço feito deste ano?

R: Propomos de facto dois tipos de residências. 20 ans : 20 artistes - 20 entreprises, que reconduzimos pela terceira vez, destina-se mais particularmente aos artistas regionais que convidamos a mergulhar e a trabalhar numa empresa, em função da sua actividade. Esta incursão no mundo do trabalho permite um retorno às representações que cada um tem do outro, especialmente neste contexto tão particular das novas tecnologias, já que trabalhamos ou num pólo tecnológico em Château Gombert ou numa zona industrial com empresas mais tradicionais, com a gráfica CCI… e este projecto permite também uma iniciação de públicos vizinhos das empresas, dos empregados e chefias ao trabalho dos artistas que criam obras a partir da relação estabelecida com o local, as matérias e pessoas que conheceram durante o tempo da residência.

Por outro lado, também promovemos intercâmbios com o estrangeiro. Esta noção de troca continua a ser primordial para nós. Trocas culturais entre populações, de origens, de condições sociais e gerações diferentes. Permutas com residências de artistas vindas de países de origem das nossas populações como o Magrebe ou as ilhas Comores que valorizam esta dupla cultura. Hoje em dia, há todo um outro contexto e contactos que nos levam a trabalhar com Portugal e com a Irlanda.


P: Como e quando é que começou o vosso projecto de residências cruzadas com Lisboa e Dublin ? Pensa incluir outras cidades neste network?

R: O projecto de intercâmbio com Lisboa e Dublin foi iniciado há dois anos, para a 11ª edição das Ouvertures d’Ateliers d’Artistes para a qual tínhamos convidado cinco artistas portugueses apoiados e seleccionados por Carlos Alves, com a intenção de transpor a experiência. Este primeiro encontro entusiástico, deu lugar, um ano mais tarde, à primeira edição portuguesa, organizada pela associação Castelo d’If, que o Carlos Alves entretanto criara. Esta difusão, própria de estruturas associativas e intensificada por uma economia de meios, permite pensar um programa de trocas ambicioso, que favorece a mobilidade dos artistas e trabalha para a criação de redes sem limite ou algo perto disso.

Agora é o Ben Readman, em Dublin, que se prepara para organizar aberturas de ateliês, em Junho próximo, depois segue-se Marselha em Setembro e Lisboa em Outubro. Certamente que em anos próximos convidaremos outras estruturas, de outras cidades, de outros países a juntar-se a nós.


P: Castelo d’If é um nome bastante interessante para uma associação que cria ligações entre artistas de Marselha e Lisboa. Pode precisar como surgiu esta escolha?

R: Foi o Carlos Alves, presidente da associação Castelo d’If que escolheu o nome. Foi efectivamente uma escolha bem feita e reflectida. Apela ao imaginário com a história lendária do conde de Monte Cristo, conhecido em todo o mundo e emblemático em Marselha, e faz referência ao nosso castelo. É um lugar cheio de possibilidades… E o Carlos provou-o com a organização das primeiras aberturas de ateliês de artistas em 2010 que já juntava mais de cem artistas lisboetas e oito marselheses!


P: E projectos para 2012?

P: O programa é mais consequente que o do ano precedente e certamente menos que o do ano que vem atendendo à perspectiva de 2013 !!!
Depois da exposição actual Around a Volta que reúne justamente quatro artistas vindos de intercâmbios iniciados pelas aberturas de ateliês – Susana Anágua (Lisboa), António Gagliardi (Marselha), Adam Gibney (Dublin) e Aoibheann Greenan (Dublin) – apresentaremos a terceira temporada das residências em empresas com um novo percurso entre vários espaços e em paralelo uma exposição na galeria que permitirá uma dupla percepção do trabalho artístico criado. A programação para 2012 alterna exposições monográficas, como a de Noël Ravaud e as exposições colectivas, nomeadamente a apresentação da selecção francesa de artistas da Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo… lá está, mais uma vez, a noção de permuta e de encontro…


P: E para 2013? Marselha será Capital Europeia da Cultura. Terão projectos específicos?

R: Nós estamos muito contentes e apoiamos o projecto da Capital Europeia da Cultura, já que dará um novo e necessário impulso a Marselha. Temos vários projectos em apreciação, mas sabemos que trabalharemos colaborações com o FRAC e com o projecto Ulysse, com o projecto Tremplins que reúne vários parceiros no domínio social e cultural.

Apresentaremos as nossas propostas ao vasto programa da Capital juntando os ateliês do Mediterrâneo e o projecto de intercâmbio das Aberturas de Ateliês. Estamos muito satisfeitos também pela cooperação prevista com a Plataforma Revólver que dará lugar a exposições cruzadas entre as duas estruturas.